A apicultura é a criação racional de abelhas Apis mellifera. Nativas da Europa, da África e de parte da Ásia, elas são conhecidas por sua produção incansável de mel, o que as torna favoritas para a produção comercial. É uma atividade amplamente difundida pelo Brasil e responsável pela maior parte da produção de mel no País e no mundo.
Atualmente são conhecidas oito espécies de abelhas que pertencem ao gênero Apis. Apesar de ser a espécie de abelha mais amplamente distribuída pelo planeta, devido a sua alta capacidade de adaptação, ela não é nativa do Brasil e demais países do continente Americano.
A abelha melífera, como é popularmente conhecida, pertence à família Apidae, tribo Apini, e é muito conhecida pela sua capacidade de ferroar como forma de defesa.
Além de produzirem mel e outros produtos, as abelhas melíferas também realizam a polinização de plantas com flores nativas e contribuem diretamente para a polinização de plantas utilizadas na alimentação humana, como abacate, goiaba, melão, melancia, laranja, entre outras.
Início da apicultura no Brasil
A apicultura brasileira começou oficialmente em 1839, quando o padre Antônio Carneiro importou da região do Porto, em Portugal, 100 colônias de abelhas da espécie Apis mellifera. Depois de cruzar o Atlântico, apenas sete colônias sobreviveram e foram instaladas na praia Formosa, no Rio de Janeiro.
Entre 1845 e 1880, imigrantes alemães e italianos introduziram outras raças de Apis mellifera em localidades do Sul e Sudeste do país.
Durante essa fase, as abelhas melíferas, também chamadas de abelhas europeias, eram exploradas principalmente como hobby e para a produção de cera. Assim, a apicultura brasileira era bastante rudimentar, com poucas técnicas de manejo e com colmeias mantidas nos quintais, já que as abelhas apresentavam baixa defensividade e não criavam problemas com outras criações de animais.
Introdução das abelhas africanas
Até a década de 1950, a produção de mel em colmeias de abelhas melíferas presentes no Brasil era baixa, não ultrapassando 8 mil toneladas por ano e ocupando o 27° lugar na produção mundial, já que essas abelhas não eram adaptadas às condições climáticas tropicais. Também grande quantidade das colmeias foram dizimadas, devido às doenças como acariose e nosemose.
Para reverter essa situação, em 1956, o professor Warwick Estevam Kerr partiu para a África em busca de abelhas rainhas da raça africana de Apis mellifera, a Apis mellifera scutellata. A viagem, que contou com o apoio do Ministério da Agricultura, resultou na vinda de 49 rainhas que foram instaladas em um apiário experimental no município de Rio Claro, interior do Estado de São Paulo.
O objetivo do projeto era realizar estudos comparando a raça africana com as raças europeias aqui presentes, avaliando a produtividade e resistência para a definição da raça mais adequada às condições brasileiras.
Entretanto, por falhas de manejo, as abelhas de 26 colmeias enxamearam e culminou com o cruzamento de rainhas africanas com machos das raças europeias que já estavam no ambiente, resultando na abelha africanizada. Durante esse período de africanização, o País viveu uma fase problemática que foi muito explorada pelo sensacionalismo da mídia, que as tratava como “abelhas assassinas”, devido aos muitos acidentes que ocorreram.
De salvadoras da nossa apicultura, elas passaram a ser tratadas como pragas que precisavam ser exterminadas. Soluções drásticas, como pulverizações de inseticidas em grandes áreas, chegaram a ser avaliadas. Diante desse quadro de baixa produção de mel, desconhecimento no manejo e diversos acidentes, muitos apicultores abandonaram a atividade.
Com o tempo os apicultores remanescentes passaram a adaptar as técnicas de manejo das raças europeias para a africanizada, muito mais defensivas, mas também muito mais produtivas e resistentes às doenças.
Recuperação e expansão
Um maior intercâmbio de técnicas e experiências, com a realização de pesquisas, simpósios e congressos reunindo apicultores e pesquisadores, contribuiu decisivamente para o estabelecimento da apicultura como setor importante da produção agropecuária no Brasil.
Como marco dessa recuperação, em 1967 foi fundada a Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) e três anos depois foi realizado o primeiro congresso brasileiro da área.
Em 2009, o Brasil chegou a ocupar o quarto lugar no ranking dos maiores exportadores de mel. Nos anos seguintes, em razão da seca em algumas regiões, a produção caiu, e em 2012 o País chegou à décima posição. Em 2018, o Brasil alcançou um valor de produção de R$ 502,8 milhões segundo o IBGE, colocando-se na 11º posição entre os maiores produtores de mel.
Apesar das dificuldades, os prognósticos para a atividade são extremamente positivos, pois poucos países no mundo reúnem condições ambientais e climáticas tão favoráveis para a produção de mel e outros produtos.