Abelhas solitárias

Entre as abelhas existem diferentes níveis de organização. Os dois extremos são: as espécies de vida solitária e aquelas de vida altamente social (eussociais). Entre estes extremos existem categorias como: subsociais, parassociais, ou quasessociais, que se diferenciam pela presença e domínio de uma rainha.

Algumas espécies solitárias podem construir seus ninhos agregados, o que poderíamos comparar aos nossos “condomínios” onde vários ninhos da mesma espécie estão dispostos no mesmo local. Cada ninho possui a sua “dona” e cada abelha, ou melhor, cada fêmea cuida do seu próprio ninho.

Abelhas altamente sociais ‒ ou eussociais ‒ formam colônias numerosas, perenes e com alto grau de organização interna. No Brasil este é o caso das abelhas sem ferrão -meliponíneos, popularmente conhecidas como jataí, uruçu, mandaçaia, guaraipo, mirim, etc. Estas espécies são bem conhecidas pelos índios e pessoas que vivem no campo.

Quando falamos em abelhas, uma das primeiras imagens que vêm à mente é uma colônia cheia de operárias trabalhadoras. Porém, poucos sabem que a maioria das abelhas não é social, isto é, não vive em colônias com divisões de tarefa, como rainha e operárias, e nem produzem mel. A maioria das espécies vive sozinha, são solitárias. Cerca de 80% das 20 mil espécies de abelhas conhecidas em todo o mundo são solitárias. Muitas vezes são confundidas com moscas, vespas ou besouros. 

As abelhas solitárias não produzem mel, mas isso não significa que sejam menos relevantes: elas têm papel importantíssimo para o meio ambiente e para a agricultura, pois também fazem a polinização quando visitam as flores em busca de néctar e pólen.  

Enquanto o ninho de uma abelha social é composto de diversas fêmeas com diferentes tarefas (uma rainha e diversas operárias), entre esses insetos solitários, a fêmea faz tudo sozinha. Assim que nasce, ela já acasala com um macho, acha um local adequado para o ninho, constrói as células para colocar os ovos, busca alimento, cuida das larvas e defende o ninho de invasores. Tudo sozinha. E esse é todo o ciclo de vida de uma abelha solitária. Quando as crias nascem, geralmente a fêmea morre ‒ mas em algumas espécies chegam a dividir o ninho por um breve período.  

Entre as abelhas solitárias, existem espécies bastante distintas, como abelhas com colorações azuis ou verdes metálicos que polinizam orquídeas, até abelhas-de-óleo que, como diz o próprio nome, buscam óleos em flores em substituição ao néctar como fonte energética. Uma das abelhas solitárias mais famosas no Brasil é a mamangava-de-toco (gênero Xylocopa), cujas fêmeas são grandes e geralmente pretas (os machos são marrons-alaranjados), muitas vezes confundidas com besouros. Elas são muito importantes para a polinização do maracujá-amarelo.