Uma princesa é toda rainha virgem, ou seja, que ainda não foi fecundada. Na colônia da maioria das abelhas sociais, as princesas emergem de ovos colocados pelas rainhas em células de cria especiais, maiores, denominadas realeiras ou células reais.
Depois que nascem, podem ter quatro destinos, um deles trágico. O caminho da nobreza é fundar uma nova colônia pelo processo de enxameagem, pelo qual colônias já maduras se dividem para povoar novos ambientes ― seja por superpopulação, seja por abundância de alimento.
Nas abelhas sem ferrão, a enxameagem tem início quando algumas abelhas operárias deixam a “colônia-mãe” para buscar uma nova casa, que será construída com matéria-prima retirada da colônia original. Com a morada pronta, a princesa migra para o novo local acompanhada de parte das operárias. Na sequência, realiza o voo nupcial, é fecundada por um macho de outra colônia, retorna ao ninho e inicia uma nova rotina real. Na Apis mellifera, a diferença é que quem sai para fundar uma nova colônia não é a princesa, e sim a rainha dominante. Esta deixa sua colônia e, em seu lugar, uma princesa que realizará o voo nupcial e dar continuidade à tarefa de uma rainha.
Outro destino da princesa pode ser assumir a coroa real de uma colônia. Isso ocorre se a “rainha-mãe” morre acidentalmente ou se deixa de exercer sua dominância na colônia por estar velha ou doente, situações em que ela é morta pelos seus súditos. A princesa realiza o voo nupcial para acasalar e depois retorna para colônia para assumir o trono.
No entanto, nem tudo são flores na vida das princesas. Elas precisam conviver com o medo de um destino trágico, a decapitação. Se as rainhas virgens não tiverem utilidade na colônia pelo fato desta possuir uma rainha saudável e também não estiver no período de reprodução (enxameagem), elas são expulsas e, caso se recusem a sair, são decapitadas pelas operárias.
Mas mesmo essa opção trágica pode ter um final heroico e feliz. Já foram documentadas situações ― em uma espécie de abelha sem ferrão, a uruçu-nordestina (Melipona scutellaris) ― que as princesas escapam da morte, fogem e podem chegar ao topo da hierarquia social. Durante a fuga, ela acasala com machos nas proximidades do ninho e consegue identificar e invadir, já fecundadas, a colônia da mesma espécie que esteja órfã. Essa estratégia de “conquista” é conhecida como parasitismo social, pois essas princesas conseguem se impor às operárias que não são suas parentes e se beneficiam do trabalho delas para iniciarem e manterem sua postura.