Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul estudaram a comunidade de vírus presentes em colônias de mandaçaia (Melipona quadrifasciata), uma espécie de abelha sem ferrão usada na meliponicultura, uma atividade em expansão no Brasil com potencial econômico, social e ambiental.
Em junho, os resultados da pesquisa foram publicados em artigo no periódico científico Journal of General Virology.
Ao contrário do que ocorre em relação à apicultura, os patógenos que afetam a meliponicultura permanecem em grande parte desconhecidos. No sul do Brasil, a cada ano, no final do verão, as colônias manejadas da mandaçaia manifestam uma síndrome que eventualmente as leva ao colapso.
A partir do sequenciamento genético de alto desempenho, os pesquisadores caracterizaram o viroma de abelhas mandaçaia com o objetivo de identificar vírus potencialmente patogênicos e testar se eles estão relacionados aos surtos de síndrome.
As análises registram sete novos vírus associados a abelhas sem ferrão. A detecção desses vírus em abelhas individuais (saudáveis ou insalubres) de três localidades diferentes revelou uma associação estatisticamente significativa entre a infecção viral e a manifestação dos sintomas em um meliponário.
Os pesquisadores concluem que, embora as infecções virais possam contribuir para colapsos de colônias na síndrome anual em alguns meliponários, os vírus se espalham de maneira oportunista durante o surto, talvez devido à fraqueza da colônia.
O artigo The virome of an endangered stingless bee suffering from annual mortality in southern Brazil está disponível em https://jgv.microbiologyresearch.org/content/journal/jgv/10.1099/jgv.0.001273#tab2
Crédito da imagem em destaque: Cristiano Menezes
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