Países e empresas terão de investir em infraestrutura. Estradas, portos e usinas precisarão ser criados nos países mais pobres, para ampliar o acesso a transporte e energia, e precisarão ser atualizados e reformados nos países ricos, em prol de mais eficiência. Qual seria o impacto econômico de fazer todas essas obras de forma sutentável, com baixa emissão de carbono?
Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organização internacional formada por 35 países para estimular o crescimento econômico, tentou calcular esses custos. Os resultados mostram que existe um custo adicional para infraestrutura verde. Mas esse custo é mais que superado com benefícios econômicos, estimulando o crescimento dos países.
Segundo o estudo, o mundo precisará investir, anualmente, US$ 6,3 trilhões por ano até 2030 em infraestrutura. Se esses investimentos forem feitos de forma ecologicamente responsável, esse valor ficará US$ 0,6 trilhão mais caro, especialmente por causa de investimentos em energia limpa e novas tecnologias no setor de transportes, como o carrro elétrico. Porém, energias limpas, como a solar e a eólica têm uma vantagem: elas não precisam de combustível. A luz solar e o vento estão disponíveis na natureza, não precisam ser comprados. Em termos econômicos, a OCDE calculou que a infraestrutura verde pode economizar US$ 1,6 trilhão por ano. Ou seja, o que será economizado é suficiente para pagar os custos adicionais e ainda sobra US$ 1 trilhão.
“Precisamos de investimentos para descarbonizar a economia, para não carbonizar nova infraestrutura, para nos adaptar às mudanças climáticas. Reconhecemos que isso tem um custo”, disse José Angel Gurría, secretário-geral da OECD. “Ao mesmo tempo, esses investimentos trarão resultados até três vezes maiores no crescimento econômico.”
Segundo Gurría, o estudo mostra o impacto positivo desse investimento no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Já a partir de 2021, a transição energética resultaria num aumento de 1% ao PIB por ano, chegando ao crescimento de 2,8% por ano até 2050. “No longo prazo, o custo de não fazer nada para resolver os problemas do clima será proibitivamente mais caro.”
O relatório da OCDE foi apresentado em Berlim, Alemanha, durante o Petersberg Climate Dialogue, um encontro organizado pelo governo alemão com representantes de 37 países, incluindo o Brasil, sobre políticas para mudanças climáticas.
Fonte: Revista Época