Se alguém ainda duvida que trabalhar em conjunto com a natureza é mais sábio que trabalhar contra ela, vale a pena conferir esse projeto realizado na África: o Elephants and Bees Project (Projeto Elefantes e Abelhas) incentiva a construção de cercas orgânicas para impedir que elefantes destruam as lavouras de famílias que dependem do campo para viver. Em vez de cercas elétricas, colmeias de abelha afastam os paquidermes dessas regiões.
Elefantes possuem um olfato bastante apurado – algumas pesquisas dizem que esse sentido deles é cinco vezes mais poderoso que o nosso e que nenhum outro animal teria um olfato tão potente. Elefantes também comem muito, até 150 kg ao dia. Essa conjunção de fatores representa uma ameaça ao pequeno agricultor africano, que pode ver sua lavoura virando petisco em um piscar de olhos. Só que um terceiro fator foi acrescentado na equação: elefantes também têm medo de abelhas. O simples zunir desses insetos já os afugenta, possivelmente por conta de uma questão evolutiva: a pele delicada dos filhotes e o interior das trombas dos adultos podem ser particularmente sensíveis ao veneno das abelhas.
Essa repulsa às abelhas é que deu origem ao projeto. Tradicionalmente, os elefantes eram recebidos de várias maneiras quando se aproximavam, todas elas baseadas, em maior ou menor grau, na agressividade: pedras, gritos, cachorros, lanças, o que tivesse a mão era utilizado contra os gigantescos animais. Quando a tecnologia da cerca elétrica se popularizou, virou consenso que essa seria a maneira mais eficaz de lidar com o problema, mas, além de ferir os animais, essas cercas são bem caras e acabaram caindo em desuso com o tempo.
Até que em 2009, a primeira cerca de colmeia foi instalada, no Quênia, e o protótipo se mostrou um sucesso. Um arame é esticado no limite da propriedade e a cada 10 metros uma colmeia é colocada. Dessa maneira, mesmo que o elefante toque apenas no arame e não na colmeia, as abelhas serão incomodadas e, por sua vez, incomodarão os elefantes. O mel produzido pelas abelhas passou a ser comercializado pelas fazendas, ampliando os rendimentos dos fazendeiros.
Hoje, essas cercas estão no Quênia, Botswana, Moçambique, Tanzânia, Uganda e Sri Lanka, o único representante da Ásia. A iniciativa conta com apoio da Fundação Disney e da Universidade de Oxford, mas depende de doações para manter e ampliar suas atividades.
Vale conhecer melhor o projeto. O site Elephants and Bees, em inglês, tem mais informações e vídeos sobre as atividades.
Fonte: Revista Galileu e Elephants and Bees