As abelhas estão desaparecendo do planeta? Correm risco de extinção?

O desaparecimento das abelhas diz respeito ao fenômeno chamado de Colony Collapse Disorder (CCD). Desde os primeiros registros no continente norte americano em 2006, verificou-se que colmeias manejadas da espécie de abelha Apis mellifera que entravam em colapso apresentavam características bem definidas, entre elas o desaparecimento repentino de operárias.

A síndrome causou drásticas diminuições no número de colmeias, principalmente nos EUA e países da Europa, mas a abelha Apis mellifera não está em extinção. Dados da literatura científica mostraram que desde 1950 o número de colônias de abelhas melíferas manejadas pelo homem cresceu 45% no mundo. Isso ocorre devido às práticas de manejo utilizadas, como a divisão das colônias.

No entanto, há muitas evidências de que espécies de abelhas silvestres estão em declínio, o que significa que algumas espécies não são mais encontradas em determinados locais e outras estão menos abundantes na natureza, comparado com estudos de levantamento no passado.

Atualmente, muitos cientistas concordam que o planeta está passando pela sexta extinção em massa, causada principalmente pelas atividades humanas. Isso significa que não é só o grupo das abelhas que possuem espécies ameaçadas de extinção, mas também vertebrados (mamíferos, aves, anfíbios, répteis), outros insetos, como borboletas, besouros e plantas.

Evidências disponíveis na literatura científica estimam que 10% das espécies de insetos estejam ameaçadas de extinção. Para as populações de abelhas existem estudos locais, com destaque para a Europa, onde 9% das espécies de abelhas, assim como 9% das espécies de borboletas, estão em risco de extinção segundo a Lista Vermelha da IUCN.

A IUCN constitui um dos inventários mais detalhados do mundo sobre o estado de conservação da biodiversidade mundial. No início de 2020, um estudo com espécies de mamangavas-de-chão (gênero Bombus) presentes na Europa e América do Norte concluiu que em regiões que ficaram mais quentes ou sofreram mudanças extremas de temperatura com o passar dos anos, as abelhas estavam em menor número.

No Brasil, segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBIO publicado em 2018, de um universo de 209 espécies de abelhas analisadas, cinco são consideradas ameaçadas de extinção, sendo quatro espécies de abelhas sem ferrão (Melipona capixaba, Melipona rufiventris, Melipona scutellaris e Partamona littoralis) e uma espécie de abelha solitária (Arhysosage cactorum). Porém, essa lista pode estar subestimada uma vez que já são conhecidas aproximadamente 1700 espécies e os cientistas estimam que existam mais espécies a serem descritas.