“Um casamento extraordinário entre a natureza e tecnologia”. É como John Abel, vice-presidente de Cloud e Tecnologia da Oracle, define o novo programa que usa tecnologia em nuvem para compreender os hábitos das abelhas. A iniciativa é uma parceria entre a empresa e o The World Bee Project, e faz parte do “Rede Hive do World Bee Project”, uma ação para melhorar os habitats dos polinizadores e criar ecossistemas sustentáveis para a produção de alimentos.
O projeto coleta dados sonoros e ambientais, como temperatura e umidade, e os cruza com a produção de mel em colmeia. A partir das informações reunidas e enviadas para o sistema da Oracle Cloud, pesquisadores e apicultores obtêm dados que podem ajudar na conservação e desenvolvimento de colônias e populações de abelhas. Com isso, poderão evitar a enxameação (colapso da colônia) na época errada ou protege-las contra predadores, por exemplo. Tudo isso graças a inteligência artificial e tecnologia em nuvem.
“As abelhas são responsáveis por polinizar cerca de um terço do suprimento mundial de alimentos e 70% das culturas que alimentam 90% da população mundial, portanto, qualquer queda na população desse inseto pode ter um impacto direto na cadeia e segurança alimentar”, explica John Abel. Ele explica que a perda de habitats de flores, a agricultura intensiva, mudanças climáticas e o aumento do uso de pesticidas estão provocando a redução das abelhas no mundo. Entre os anos de 1985 e 2005, o número de abelhas melíferas na Inglaterra diminuiu 54%, a maior queda da Europa, segundo o projeto.
Para reverter esse processo, tecnologias como essa serão fundamentais para compreender as relações entre polinização, alimentação e bem-estar humano. “Isso permite que pesquisadores e conservacionistas, com os dados certos, tenham uma visão verdadeiramente global e em tempo real das populações animais e dos fatores humanos e ambientais que causam o declínio das espécies”, afirma Abel. No longo prazo, será possível desenvolver políticas efetivas e adotar ações direcionadas a partir da colaboração entre cientistas e governos.
Apicultores individuais também poderão utilizar a tecnologia para monitorar o bem-estar de suas abelhas. “Eles serão capazes de ouvir o que as abelhas estão comunicando a qualquer momento e entender se elas estão insatisfeitas com o ambiente”, completa Abel. “O apicultor pode usar este alerta antecipado para olhar para os outros conjuntos de dados e agir”.
A “Rede Hive” é um projeto recente, e conta com a parceria da Faculdade de Agricultura, Políticas e Desenvolvimento da Universidade de Reading, na Inglaterra, uma das mais importantes faculdades de agricultura do mundo. Um projeto educacional também foi desenvolvido para conscientizar as pessoas sobre a importância de preservar as populações de abelhas e a criação de ambientes para aumentar seu crescimento populacional.
Fonte: Época Negócios – Micaela dos Santos
Crédito da imagem em destaque: World Bee Project – divulgação