Uma movimentação significativa de seres vivos, que ocorre entre 120 metros e 1,2 quilômetro de altura, passa praticamente despercebida acima da cabeça dos britânicos. Trata-se de nuvens de insetos, pequenos e grandes, que, como aves migratórias, cruzam periodicamente o território do sul do Reino Unido ao sabor das estações.
Com o emprego de medições feitas com radares e amostras coletadas em balões, cientistas chineses, israelenses e britânicos estimaram que cerca de 3,5 trilhões de insetos sobrevoaram anualmente o Sul do Reino Unido entre 2000 e 2009 (Science, 23 de dezembro). Esse fluxo de invertebrados aéreos equivale a uma movimentação de 3,2 mil toneladas de biomassa e inclui insetos como besouros, joaninhas, borboletas, mariposas, barqueiros de água e moscas de água.
Os insetos viajam para o Sul (mais quente) no outono e para o Norte na primavera. Seu deslocamento coincide com o movimento dos ventos e pode alcançar até 58 quilômetros por hora. Durante o período de observação, os radares registraram 1.320 migrações em massa durante o dia e 898 à noite de insetos de médio e grande porte.
“O corpo dos insetos é rico em nutrientes e a importância dessas migrações é subestimada”, diz o biólogo Jason Chapman, do Centro de Ecologia e Conservação da University de Exeter (Reino Unido), coordenador do estudo. “Se as densidades observadas sobre o Sul do Reino Unido forem extrapoladas para todo o globo, as migrações de insetos em altas altitudes representam o mais importante movimento anual de seres vivos sobre ecossistemas em terra firme, comparáveis às mais significativas migrações oceânicas.”
Fonte: Revista Pesquisa Fapesp