Cientistas do Wyss Institute, da Universidade de Harvard, nos EUA, podem estar por trás da solução para um problema crescente na agricultura: a falta de polinizadores na natureza. Ou pelo menos uma solução pontual, como eles preferem dizer.
Capitaneados pelo professor Robert Wood, os pesquisadores americanos estão conseguindo avanços significativos no desenvolvimento de abelhas-robôs, que possam fazer o papel da coleta e transferência de pólen na lavoura.
Elas têm tamanho inferior a um clipe de papel e pesam 80 miligramas, como seus pares reais. As “RoboBees” representam um marco no desenvolvimento de micro-veículos aéreos. Mais que isso, trazem a expectativa de minimizar os impactos do desaparecimento maciço de abelhas, os polinizadores mais eficientes que se tem conhecimento. Para a economia como um todo, o fenômeno é relevante: um terço do alimento produzido no planeta necessita das abelhas para sua originação.
Financiados pela National Science Foundation, Wood e sua equipe conseguiram nos últimos anos fazer suas “abelhas” decolar na vertical e ter estabilidade relativa no ar ao bater asinhas movidas a energia. Então, inspiraram-se na natureza e usaram a eletricidade estática para torná-las também aptas a pousar durante o voo, como as borboletas, e guardar energia.
A criação inédita de robôs tão minúsculos e capazes de voar levantou críticas de ambientalistas, alegando que é preciso preservar a biodiversidade e não criar animais artificiais para substituí-la. Já em 2014, o Greenpeace alertava sobre os perigos de um mundo infestado por micro-robôs voando pelo céu.
Os cientistas, porém, argumentam que a pesquisa não foi pensada para substituir abelhas. Não seria sábio, já que a polinização exige milhares delas. “A RoboBees tem como uso potencial a polinização artificial, mas não vemos isso como uma solução viável no longo prazo para compensar o colapso das colmeias. Elas poderiam ser utilizadas pontualmente para este fim”, dizem os pesquisadores.
Além do mais, o caminho ainda é longo. Um dos desafios está no fato de elas ainda não conseguirem voar com peso extra – o pólen. Ou voar por si só, voltando só para recarregar a bateria. Precisam também aprender a se “comunicar” para a execução das tarefas. Estima-se que mais dez anos de pesquisas ainda sejam necessários para colocá-las no mercado.
De qualquer maneira, as abelhas-robôs já são vislumbradas em outras situações. Segundo a Harvard, elas poderiam dar alta contribuição a missões de procura e resgate (nos casos de desastres naturais), monitoramento de tráfego e até no mapeamento climático.
Veja mais sobre o projeto no site do Wyss Institute, em inglês.
Fonte: Foco Rural e Valor Econômico