Publicado em março na revista Biology Letters, da Royal Society, o estudo “Impacto negativo do manganês no forrageamento das abelhas melíferas (Apis mellifera)” apontou que mesmo baixos níveis do metal manganês podem impactar os polinizadores e, inclusive, alterar seu comportamento.
O manganês é usado na produção de aço, palitos de fósforo e baterias. O resíduo industrial do metal, quando liberado no ambiente, pode acumular nas flores que as abelhas polinizam. Com isso, traços de manganês podem ser levados à colônia, afirma o coautor Yehuda Ben-Shahar, geneticista da Universidade de Washington (EUA).
Para avaliar o impacto nas abelhas, Ben-Shahar e seus colegas administraram manganês aos insetos ao longo de quatro dias. A equipe testou os cérebros das abelhas para dopamina, serotonina e octopamina – moléculas mensageiras liberadas pelas células nervosas que ajudam a controlar o comportamento.
Estudos anteriores em moscas, seres humanos e outros mamíferos descobriram que níveis elevados de manganês matam células nervosas, resultando em menos moléculas mensageiras. Mas as doses baixas, no novo estudo, apontaram um resultado diferente, já que aumentaram as moléculas mensageiras e aceleraram a transição das abelhas forrageiras.
Com isso, elas se tornaram “desajeitadas” e menos competentes: demoraram mais na coleta de alimentos e realizaram menos viagens entre a colônia e o alimento em comparação com as abelhas que não foram alimentadas com o metal.
O impacto vai além da saúde e do trabalho das abelhas, uma vez que elas são fundamentais para a polinização de culturas agrícolas e, portanto, para a produção de alimentos.
O estudo “Negative impact of manganese on honeybee foraging” está disponível em http://rsbl.royalsocietypublishing.org/content/11/3/20140989.