A IPBES fornece um mecanismo reconhecido pelas comunidades científica e política para sintetizar, analisar, revisar e avaliar criticamente as informações e os conhecimentos relevantes em todo o mundo gerados por governos, universidades, organizações científicas, organizações não-governamentais e comunidades indígenas. Trata-se de um grupo que tem como objetivo reforçar a capacidade para o uso efetivo da ciência na tomada de decisões em todos os níveis.
Para ajudar nessa tarefa, um grupo de 12 pesquisadores que integram a IPBES identificou dez medidas que governos e formuladores de políticas em todo o mundo podem (e devem!) considerar.
- Elevar os padrões regulatórios para os agrotóxicos, o que inclui considerar os efeitos indiretos dos produtos nas avaliações de risco, e avaliar os riscos para uma série de espécies de polinizadores, e não apenas para as abelhas;
- Promover o manejo integrado de pragas, com a consequente redução do uso de agrotóxicos;
- Incluir efeitos indiretos e subletais nas avaliações de risco de culturas geneticamente modificadas (GM). Apesar de não sabermos o suficiente sobre o impacto dos cultivos transgênicos nos polinizadores, algumas culturas GM são tóxicas para os insetos e podem ter efeitos sutis nas populações de polinizadores;
- Regular o movimento dos polinizadores controlados para evitar a proliferação de doenças e conter a introdução de espécies invasoras;
- Desenvolver incentivos, como os esquemas de seguros, para ajudar os agricultores na transição para uma agricultura com menor uso de agroquímicos;
- Reconhecer a polinização como um insumo agrícola nos serviços de extensão;
- Apoiar sistemas agrícolas diversificados, a exemplo dos sistemas agroflorestais e policultivos, práticas que ajudam a manter os polinizadores por proverem a eles alimento e abrigo;
- Conservar e restaurar a “infraestrutura verde” (uma rede de habitat entre as quais os polinizadores podem se mover) em paisagens agrícolas e urbanas. Para polinizar as culturas, os polinizadores selvagens necessitam de habitat em torno dos cultivos que forneçam locais de nidificação (construção de ninhos) e recursos florais. Essas manchas de habitat precisam ser suficientemente próximas para que insetos ou pequenos pássaros voem entre elas – não mais de 500 m de distância para as abelhas médias.
- Desenvolver o monitoramento de longo prazo dos polinizadores e da polinização;
- Financiar pesquisas participativas sobre a melhoria dos rendimentos na agricultura orgânica, diversificada e ecologicamente intensificada. No Brasil, onde a agricultura é uma vocação natural, com expressiva participação na economia, a implantação dessas políticas terá um grande impacto socioeconômico e poderá garantir em longo prazo a sustentabilidade para o setor.