Evento internacional na USP trata da relação entre sistemas naturais e saúde humana

A Universidade de São Paulo (USP) sediou hoje, em São Paulo, o painel Planetary health: a challenge for public health (Saúde planetária: um desafio para a saúde pública, na tradução literal). O evento foi organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, pelo Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e pelo Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação da USP (BioComp), em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a The Rockefeller Foundation-Lancet Commission on Planetary Health.

No evento, dois importantes relatórios globais recentemente lançados abordam a rápida degradação dos sistemas naturais na Terra, que coloca em risco a saúde humana das gerações atuais e futuras, e alertam para a necessidade de ação urgente.

Os relatórios são “Safeguarding human health in the Anthropocene epoch”, produzido pela Rockefeller Foundation–Lancet Commission on Planetary Health, e ‘Connecting Global Priorities: Biodiversity and Human Health’, resultado de uma colaboração entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Secretariado da Convenção da Diversidade Biológica (CDB).

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Safeguarding human health in the Anthropocene epoch

Escrito por uma comissão de 15 líderes acadêmicos e policemakers de instituições em oito países, o relatório foi coordenado pelo Professor Sir Andy Haines, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, no Reino Unido, que participou do painel da USP por meio de teleconferência. O material demonstra o quanto a atividade humana está pressionando as fronteiras seguras dos nossos sistemas naturais além dos limites requeridos para que a humanidade continue a florescer.

Preocupações de que a mudança ambiental global representa uma ameaça crescente para a saúde humana são destacadas por dois novos artigos publicados em conjunto com o relatório. Um artigo, publicado na revista The Lancet, quantifica pela primeira vez as implicações para a saúde humana de declínios em animais polinizadores (abelhas e outros insetos).

O estudo, liderado por um dos comissários do relatório, Samuel Myers, da Harvard TH Chan Escola de Saúde Pública, nos EUA, mostra que os declínios globais em polinizadores poderia levar a até 1,4 milhão de mortes por ano (um aumento na mortalidade global em 2,7%) a partir de uma combinação do aumento da vitamina A e deficiência de folato e aumento da incidência de doenças não transmissíveis, como doenças cardíacas, AVCs e alguns tipos de câncer. A pesquisa mostra que esses efeitos para a saúde seria experimentado tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento.

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Connecting Global Priorities: Biodiversity and Human Health

O relatório é resultado de uma colaboração entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Secretariado da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), em colaboração com numerosos parceiros e especialistas, e examina o estado atual do conhecimento na intersecção entre biodiversidade, ecossistemas e saúde humana, considerando interações em vários níveis, do microbiano ao global.

O painel realizado na USP, além de lançar os textos no Brasil, chamou atores importantes para debater o engajamento de suas organizações nesses temas interconectados, e as ações propostas para abordá-los. O professor Bráulio Ferreira, secretário-executivo da CDB/ONU e palestrante do evento, assinalou a importância de discutir um plano de ação integrado, focado no Brasil, para saúde de ecossistemas, humana e planetária, e a formação de uma rede de especialistas e instituições brasileiras como parte de uma rede e iniciativa internacional inter-setorial e interdisciplinar.

Fonte: Biocomp/USP