O crescimento da produtividade nos apiários, a qualidade dos produtos e o aumento nas exportações fazem a apicultura ganhar cada vez mais espaço entre as áreas da atividade agropecuária. Hoje, ela é considerada uma Especialidade Emergente da Medicina Veterinária e da Zootecnia e, como área de atuação, tem gerado interesse nos profissionais.
Dados da Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel) mostram que, no ano passado, o Brasil avançou para a 8ª posição, em termos de valor, no ranking mundial de exportação de produtos da apicultura. Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino do mel brasileiro.
Todo esse cenário também se deve ao trabalho de médicos veterinários e zootecnistas que, atuando em conjunto, garantem produtividade, qualidade e inocuidade do produto final das abelhas. A apicultura é uma atividade que requer baixo custo em investimentos, seja na implantação, na aquisição de materiais e no aspecto nutricional das abelhas.
A zootecnista Adriana Rodrigues, da Comissão Nacional de Educação em Zootecnia (CNEZ) do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), explica que, antes de iniciar a produção, é preciso avaliar o terreno, a qualidade da flora no entorno, a segurança do local – longe do trânsito de pessoas e animais, por exemplo. “Do ponto de vista da criação, a apicultura requer menor espaço de terra, apresenta sazonalidade de produtos e permite um planejamento econômico considerando receita e despesa”, afirma Adriana.
O zootecnista atua na área de nutrição e alimentação das abelhas, buscando produtividade e bem-estar das colmeias. Além disso, trabalha no planejamento e gerenciamento da produção, agregando valor e administrando um programa de melhoramento genético que garanta preservação e produtividade com equilíbrio ambiental.
“Após a instalação, o sucesso vem com o cuidado e a atenção para todas as etapas de produção, manejo com revisão e divisão de colmeias, substituição das rainhas, introdução de alimentação artificial, e colheita”, afirma Rodrigues.
O desaparecimento das abelhas é uma preocupação mundial. Significaria um impacto na produção de alimentos, já que ela depende dos polinizadores, como as abelhas. Os apicultores contribuem para a manutenção dos animais em seus criatórios.
A qualidade dos produtos faz os compradores internacionais ficarem de olho no mel brasileiro. A preocupação sanitária torna essencial a presença do médico veterinário no acompanhamento da produção e inspeção apícola.
O médico veterinário Walter Miguel, da Comissão Nacional de Especialidades Emergentes (CNEE) do CFMV explica que os estabelecimentos que processam mel precisam de um responsável técnico, pois, para comercialização, é preciso ser registrado no Serviço de Inspeção Federal ou correspondente Estadual e Municipal.
“Com o aumento dos indivíduos, concentração de apiários, aumento da produção, importação de materiais e equipamentos, introdução de abelhas, cera, tudo isso possibilitou a introdução de agentes patogênicos que podem dizimar toda a colônia. Por isso é importante a presença do médico veterinário na produção”, afirma Miguel.
Além do trabalho na área da produção, sanidade e inspeção, o profissional de Medicina Veterinária também atua nas Universidades como docente ou em laboratórios de análise dos produtos de origem apícola.
A ingestão de produtos, principalmente o mel, adulterados ou mal conservados pode causar problemas para a saúde. O médico veterinário Walter Miguel explica que o mel quando aquecido ou mantido a temperaturas superior a 40 º libera uma substância tóxica para os seres humanos.
“O consumidor deve adquirir os produtos de estabelecimentos que comprovem a origem e a qualidade do produto. Em casa, o mel deve ser armazenado em local ventilado e com temperatura ambiente”, orienta Miguel.
Fonte: CFMV