De maneira geral, defensivos agrícolas são produtos elaborados para a eliminação de insetos pragas, doenças e plantas daninhas que causam danos às lavouras. Os defensivos agrícolas inseticidas são produtos à base de substâncias químicas que controlam insetos (lagartas, percevejos, pulgões, entre outros), sendo assim podem causar algum impacto nas abelhas se as recomendações de uso correto não forem cumpridas, afinal as abelhas são insetos. Por essa razão, agricultores devem tomar precauções para que suas pulverizações não afetem as populações de abelhas do entorno das áreas de cultivo.
Para evitar impacto negativo em insetos não alvo da ação dos produtos químicos, existem normas e recomendações de aplicação que reduzem significativamente os riscos para as abelhas. É essencial seguir todas as recomendações presentes nos rótulos e bulas dos defensivos agrícolas.
Vale destacar também a necessidade de comunicação entre agricultores e apicultores para uma convivência harmônica, assim ambos podem explorar sua atividade econômica na mesma área sem interferência negativa.
Cuidados com as abelhas e outros polinizadores devido ao uso de defensivos agrícolas
A pulverização de defensivos agrícolas deve ser evitada na pré-florada e durante a florada, com o objetivo de minimizar os riscos de contaminação de abelhas e outros polinizadores nas lavouras.
Quando o tratamento fitossanitário for indispensável para evitar danos econômicos na lavoura, cuidados especiais devem ser adotados para não atingir abelhas e outros polinizadores, como dar preferência a técnicas agronômicas de Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas Daninhas e controle biológico. O monitoramento da população de insetos pragas na lavoura tem o objetivo de identificar o Nível de Dano Econômico e o momento certo para realizar a aplicação de defensivos agrícolas químicos ou biológicos.
Quando for necessária a aplicação de defensivos químicos durante a pré-florada e a florada, a pulverização deve ser realizada com produtos de baixa toxicidade para as abelhas, ao entardecer ou à noite, quando elas não estão em atividade a campo. A informação sobre toxicidade para as abelhas está presente na bula dos produtos.
Para uma convivência sinérgica e produtiva, é importante que os agricultores mantenham o diálogo constante e informem os apicultores que possuem apiários em suas propriedades e arredores sobre as aplicações de defensivos agrícolas com antecedência. Segundo a Instrução Normativa Conjunta nº 1 de 28 de dezembro de 2012, para a aplicação aérea de produtos à base de Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil em culturas de algodão, soja, cana-de-açúcar, arroz e trigo, os agricultores devem notificar os apicultores num raio de até 6 km, 48 horas antes da aplicação. Nas demais culturas, a aplicação aérea ou terrestre desses produtos está proibida em época de florada.
Os apicultores, por sua vez, podem realizar um manejo especial para evitar que as abelhas entrem em contato direto com os produtos pulverizados, como a transferência de local ou fechamento das colmeias antes, durante e algum tempo após a pulverização. No entanto, ainda são necessários estudos sistematizados para entender melhor qual dos dois manejos deve ser adotado de acordo com os diferentes produtos aplicados e, especificamente para o fechamento das colmeias, quanto tempo é preciso deixá-las fechadas de forma que seja seguro para a visitação das abelhas nos cultivos.
É essencial seguir todas as recomendações presentes nos rótulos e bulas dos defensivos agrícolas. As boas práticas de tecnologia de aplicação dos defensivos agrícolas, tanto por via aérea quanto terrestre, devem ser rigorosamente observadas. Isto inclui o tipo de produto, sua formulação, dose a ser aplicada, horário de aplicação, seleção e calibragem de pontas de pulverização, altura de barra ou de voo, velocidade, temperatura, umidade e velocidade do vento, além de medidas para evitar deriva, como evitar a aplicação nas bordas das lavouras adjacentes a locais de abrigo ou de coleta de recursos por polinizadores.