Uma reflexão sobre as mudanças climáticas e as abelhas

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, a A.B.E.L.H.A. quer propor uma reflexão sobre o tripé Clima – Meio Ambiente – Agricultura e um personagem central nessa equação: os polinizadores.

A ciência aponta impactos das mudanças climáticas na vida, como um todo, há pelo menos 30 anos. No caso específico das abelhas, os dados das pesquisas científicas indicam que os extremos climáticos geram uma complexa cadeia de desequilíbrio que ameaça não apenas a biodiversidade como também a produção de alimentos.

mudancas climaticas abelhas

Para tratar desse tema, no último dia 20 de maio, o 1 º Fórum A.B.E.L.H.A. – A Ciência das Abelhas e o Agronegócio foi palco de um painel com a presença ilustre de grandes referências no assunto: Vera Lúcia Imperatriz Fonseca, Pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Academia Brasileira de Ciências, Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e membro da Rede Uma Concertação pela Amazônia, e a moderadora Rosana Vazoller, membro do Conselho Deliberativo do Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA).

Já na abertura do painel, Rosana ressaltou que as abelhas são um insumo natural de alto valor agregado, essencial para o desenvolvimento do Brasil, seja para a produção agrícola, seja para o reflorestamento e o equilíbrio dos ecossistemas.

vera imperatriz rosana vazoller forum abelha
Telmo Ximenes Fotografia

A pesquisadora Vera Imperatriz, que é também membro do Comitê Científico da A.B.E.L.H.A., apresentou os resultados de pesquisas sobre as mudanças climáticas e o impacto na diversidade e na distribuição geográfica das abelhas nativas, e algumas soluções possíveis, com diretrizes baseadas em ciência, para conservar as abelhas no clima do futuro. 

Para a pesquisadora, os estudos podem indicar, com o mapeamento das espécies e o cruzamento de dados de clima e uso da terra no passado e no presente, onde podem ser feitas áreas de reserva, de santuário, de refúgio, com recomendações para para conservar os polinizadores no futuro próximo. 

Ciência como ator político

Em sua fala, a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira ressaltou que, para buscar soluções nesse contexto do séc. XXI, que é uma convergência de eras — climática, inovação e biológica —, temos que considerar a questão climática como um assunto geopolítico, econômico, de desenvolvimento, científico, e não ambiental. E a ciência transita por todos esses pilares.

“A ciência tem que se tornar um ator político. Não adianta gerar conhecimento e colocar na plataforma e dizer que os relatórios se tornam políticas públicas. Qual o olhar estratégico para as abelhas no séc. XXI para além da biodiversidade?”.

izabella teixeira forum abelha
Telmo Ximenes Fotografia

Segundo ela, não há sentido em separar agricultura e meio ambiente. “Do ponto de vista estratégico e político, dividir os dois serve para quem quer polarizar e quem quer excluir o Brasil de soluções, um País megadiverso, que mais produz vida no planeta”. 

Produtores rurais, empresas, investidores, pesquisadores, poder público, todos precisam entender as realidades locais e, aliando conhecimento científico e tradicional, avaliar a viabilidade das soluções para torná-las políticas públicas. 

O painel destacou ainda que as implicações das mudanças climáticas na polinização agrícola e nos ecossistemas têm de fazer parte das discussões das Conferências da ONU – COP16 (Biodiversidade) este ano, na Colômbia, e na COP30 (Mudanças Climáticas), a ser realizada no Brasil em 2025.

Confira na íntegra o painel sobre abelhas e mudanças climáticas no 1º Fórum A.B.E.L.H.A., realizado em 20 de maio, em Brasília (DF).