Simpósio debate os insetos polinizadores na sustentabilidade agrícola

logo congressoA Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.) apoiou a realização do Simpósio de Polinizadores que integrou a programação do 27º Congresso Brasileiro de Entomologia e do 10º Congresso Latino-Americano de Entomologia, realizados em Gramado (RS), de 2 a 6 de setembro. A conferência debateu as últimas novidades científicas sobre os serviços prestados pelos insetos polinizadores, em especial as abelhas, para a agricultura.

Na parte da manhã do dia 5, foram realizadas duas palestras. Na primeira, Blandina Viana, da Universidade Federal da Bahia, apresentou como as abelhas podem ser usadas como vetores de agentes biológicos. Como mostrou Blandina, durante a polinização dos cultivos, esses insetos podem depositar micro-organismos que vão controlar doenças agrícolas que podem afetar as flores. Essa estratégia vem sendo usada em vários países e a pesquisadora a está testando com sucesso na cultura de café na Bahia. Essa técnica integra as abelhas ao sistema produtivo da agricultura como uma opção para o controle de pragas menos nociva ao ambiente.

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Na sequência, a diretora-executiva da A.B.E.L.H.A., Ana Lucia Assad, fez um apanhado geral das atividades da Associação desde a sua criação, há mais de três anos. Apresentou como é organizado o trabalho da entidade, como as decisões são tomadas e como funciona o apoio consultivo do comitê cientifico. Ana mostrou os avanços das diversas plataformas desenvolvidas para o compartilhamento de conhecimento científico sobre polinizadores, como o site da Associação, o aplicativo direcionado a professores (ABELHA App), o sistema de georreferenciamento de colmeias e todas as demais iniciativas que visam uma convivência mais harmoniosa entre a agricultura, as abelhas e seus criadores.

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Na parte da tarde, aconteceu uma mesa-redonda com o tema “Insetos polinizadores na sustentabilidade agrícola”, do qual participaram integrantes do comitê científico da A.B.E.L.H.A.. O debate foi moderado pelas biólogas Betina Blochtein, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e Denise de Araújo Alves, da ESALQ/USP.

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O engenheiro agrônomo Breno Magalhães Freitas, da Universidade Federal do Ceará, apresentou casos de sucesso no uso de abelhas na polinização agrícola, nos mais variados gêneros e espécies, como as Apis, Bombus, abelhas sem ferrão e as abelhas solitárias, como a mamangavas-de-pau. A palestra resumiu os principais avanços conquistados no Brasil e no mundo sobre o manejo de polinizadores.

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Na sequência, Décio Luiz Gazzoni, pesquisador da Embrapa Soja, compartilhou informações do seu trabalho inovador que procura entender as interações entre as abelhas e a soja. Ele explicou o que é a interação das abelhas com as flores, a influência da coloração da flor na atração dos insetos, a importâncias dos voláteis emitidos pelas flores e a importância das abelhas na produção da soja. Décio mostrou que, apesar de haver certo preconceito dos produtores de que a leguminosa não precisa das abelhas, em realidade, quando elas estão presentes no ambiente a produção é maior. Ou seja, o manejo de abelhas nas culturas de soja pode incrementar a rentabilidade dos produtores. Décio possui um livro lançado com apoio da A.B.E.L.H.A. que reúne uma ampla revisão bibliográfica envolvendo a informação científica disponível sobre as relações entre a cultura da soja e as várias espécies de abelhas.

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A apresentação seguinte foi de Cristiano Menezes, biólogo da Embrapa Meio Ambiente, que apontou os avanços da polinização assistida com abelhas sem ferrão. O pesquisador mostrou que o Brasil é pioneiro nesse serviço, sendo responsável pela primeira biofábrica de abelhas sem ferrão do mundo. Agricultores e meliponicultores tem usado com sucesso os meliponídeos para polinização de diversas culturas economicamente importantes, como o morango, o café, a lichia, a macadâmia e o açaí. Em todas essas variedades as abelhas sem ferrão mostram um desempenho excelente e com grandes vantagens em relação aos outros polinizadores usados no mundo. A primeira vantagem, explica Cristiano, é que elas não têm ferrão, ou seja, são mais seguras. Outro benefício é que elas têm um raio de voo reduzido se comparadas a outras abelhas, ou seja, é mais fácil direcioná-las para a cultura-alvo. O biólogo também apresentou uma nova abordagem que ele vem trabalhando em pareceria com uma startup, a Agrobee, em que uma plataforma conecta os meliponicultores que possuem abelhas disponíveis com os agricultores que demandam polinização das suas culturas.

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Fechando a mesa-redonda, a bióloga Denise Araújo mostrou a contribuição das abelhas para a polinização de alguma culturas agrícolas, especialmente a laranja. Fez também um fechamento geral do que foi discutido na mesa-redonda, mostrando o avanço que o Brasil vem conseguindo nessa relação entre polinizadores e agricultura. Os participantes compartilham o sentimento de que o país caminha para um futuro mais sustentável. A união entre pesquisa científica e agricultura vem ajudando a aumentar a presença das abelhas nessa atividade econômica. Consequentemente, isso pode ajudar a elevar a produção de alimento do mundo (uma demanda crescente) e, ao mesmo tempo, tornar a agricultura mais saudável para o meio ambiente.

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