Série Chamada Pública CNPq/MCTIC/IBAMA/A.B.E.L.H.A.- Maria Cristina Gaglianone
Estudo busca diagnosticar principais polinizadores do café
As exportações brasileiras de café bateram recorde e atingiram 41,1 milhões de sacas entre julho de 2018 e junho de 2019. Os dados, recém-divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), apontam ainda que 126 países importaram o produto nacional nessa safra. Principal produtor e exportador de café do mundo, e o País cultiva duas espécies (Coffea arabica e Coffea canephora) em 15 Estados brasileiros.
Embora não seja uma cultura dependente de polinização, estudos científicos apontam que a presença de polinizadores nos cafezais pode aumentar em até 28% a rentabilidade do produtor. Além disso, proporciona frutos mais pesados e com mais qualidade. Entre os insetos responsáveis pela prestação desse serviço ecossistêmico, as abelhas ocupam a linha de frente.
Entender quais as espécies que mais favorecem a frutificação do cafeeiro nas principais regiões produtoras do País é um dos objetivos da pesquisadora Maria Cristina Gaglianone, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, coordenadora de um dos projetos selecionados por meio da Chamada Pública nº32/2017 do CNPq e financiados em parceria entre CNPq, Ibama, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.).
O grupo de pesquisadores vem coletando dados em diversas áreas de produção do cafeeiro no Sudeste e no Sul do País e buscam avaliar a polinização pela abelha africanizada (Apis mellifera) e pelas abelhas sem ferrão e outras espécies nativas, além de comparar as duas espécies de café (arábica e canephora).
“Além de identificar os polinizadores mais importantes, ou que mais favorecem a polinização do cafeeiro, buscamos poder fazer indicações de manejo apícola e ambiental adequados para aumentar a produtividade do café e, ao mesmo tempo, conservar o hábitat dos polinizadores”, afirma a pesquisadora.
A pesquisa é conduzida por um grupo multidisciplinar, que compreende biólogos, especialistas em ecologia e interação, agrônomos, economista e agricultores. “É uma força-tarefa com expertise para tratar o tema, com toda a sua complexidade, e transformar os resultados em informação de utilidade para a sociedade, sobretudo para produtores e comunidades locais”, enfatiza.
Paisagem amigável
A identificação dos cenários de paisagem mais ou menos amigáveis às abelhas é um aspecto essencial para a convivência harmônica entre a agricultura e a conservação ambiental. “Sabemos que paisagens mais amigáveis favorecem o aumento da biodiversidade no entorno das áreas agrícolas. Buscamos identificar esses cenários, estabelecer parâmetros e gerar informações que colaborem para a conservação dos polinizadores nas áreas de abrangência do estudo”, reforça a pesquisadora.
Para ela, essa é a principal razão de ser da pesquisa científica sobre abelhas nativas. “Fazer a ponte entre a universidade e a sociedade e levar informação de utilidade para o público leigo é a consolidação da contribuição científica.”
Linha de Pesquisa 5 – Avaliação bioeconômica do serviço de polinização na produtividade agrícola por cultura relevante
Projeto de pesquisa – Serviço de polinização nas principais regiões produtoras de café no Brasil: biodiversidade, avaliação bioeconômica e intensificação ecológica
Rede de pesquisa
Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Universidade Estadual de Londrina
Universidade Federal de Uberlândia
Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto
Universidade Federal do Paraná
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (EMATER-RIO)
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER)
Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Instituto Federal do Espírito Santo – campus Alegre