A abelha-rainha é o elemento mais importante de uma colmeia, afinal ela é a responsável pela reprodução da espécie. E depende dela também a harmonia dos trabalhos da colônia. Sem uma rainha saudável e fértil, a colmeia enfraquece e a produtividade de mel cai. A abelha-rainha vive em torno de cinco anos e, quando ela envelhece, a colônia trata de criar uma nova rainha. Mas esse trabalho pode ter a ajuda dos produtores e pesquisadores. Por isso, a Estação Experimental da Epagri de Videira (Santa Catarina) desenvolve o projeto de seleção de abelhas-rainhas.
A pesquisa teve início em 2010 com um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Oito apiários foram formados, abrangendo sete regiões do Estado. Nessas regiões, apicultores de 12 municípios doaram as matrizes – aquelas que eles julgavam ser as mais produtivas e mansas.
Durante dois anos, as colônias foram avaliadas quanto a infestação pelo ácaro varroa, comportamento higiênico e produtividade de mel. As colônias que se destacaram forneceram material para a produção de novas rainhas, que passaram a fazer parte do apiário de seleção estadual, localizado na Estação Experimental de Videira.
O processo de seleção de abelhas-rainhas inicia com a identificação das colônias que apresentam melhor comportamento higiênico, uma característica evidente das abelhas africanizadas. “Nós realizamos testes para conhecer a capacidade que as abelhas operárias têm em detectar, desopercular e remover as crias mortas, doentes ou com parasitas”, explica a pesquisadora Tânia Patrícia Schafaschek (foto). Os estudos indicam que as abelhas com alto comportamento higiênico podem diminuir a taxa de infestação de varroa em abelhas adultas. O ácaro varroa tem sido o grande vilão responsável pelo desaparecimento de colônias no mundo inteiro. Além disso, a pesquisa avalia a produtividade de mel em cada safra.
Com os dados nas mãos, a pesquisadora inicia o trabalho de produção das novas abelhas-rainhas. Já no Laboratório de Produção de Rainhas, ela faz a transferência de larvas de um dia para cúpulas especiais. “É importante manter a temperatura acima de 25°C e a umidade do ar em 70% para evitar o resfriamento e desidratação das larvas” ressalta Tânia. Os caxilhos contendo as cúpulas com as larvas transferidas são levados ao apiário em uma colônia denominada recria ou mini-recria. Para isso, em Videira, a pesquisa utiliza uma colmeia composta por sete quadros e sem a presença da rainha.
Depois de 10 dias é chegado o momento de fazer a coleta dos caxilhos com as realeiras fechadas. O material é levado novamente ao laboratório e as realeiras são transferidas para uma estufa com temperatura e umidade controladas. Depois de um a dois dias as rainhas nascem. Elas são anestesiadas para poderem ser pesadas, medidas e marcadas.
Tânia destaca que a marcação é necessária para saber o ano de nascimento da rainha e para poder acompanhar o seu desenvolvimento. As novas rainhas são levadas ao apiário e dentro de cinco a sete dias elas vão realizar o vôo de acasalamento. As rainhas melhoradas apresentam maior capacidade de postura, resultando, assim, em colmeias mais fortes e produtivas.
Fonte: Epagri-SC