Pesquisadores da Escola Politécnica (Poli), da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), ambas da USP, e do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp (IGCE), com apoio do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação da USP (NAP – BioComp) e da Fundação FDTE, foram responsáveis pelo desenvolvimento do Portal da Biodiversidade, trabalho de pesquisa que contou com apoio da agência alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ). O lançamento foi realizado no dia 26 de novembro, em Brasília.
O portal reúne informações valiosas e inéditas sobre a flora e a fauna do Brasil. O Instituto Chico Mendes (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), é responsável por todas as unidades de conservação ambientais federais e detentor de destes dados. Contudo, até o desenvolvimento da nova plataforma, as informações estavam dispersas em órgãos e instituições do MMA. A partir de agora, esses dados estarão acessíveis para cientistas e para a sociedade.
“São informações preciosas e inéditas que estarão disponíveis para toda a sociedade, fundamentais para uma efetiva política de conservação da nossa biodiversidade. Não podemos proteger o que não conhecemos”, destaca o professor doutor Pedro Luiz Pizzigatti Corrêa, coordenador do grupo de pesquisa e que trabalhou em parceria com professor doutor Antônio Mauro Saraiva e a professora doutora Liria Matsumoto Sato, todos do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Poli, além de alunos do programa de pós-graduação em Engenharia Elétrica (área de concentração em Engenharia de Computação) da Poli.
Corrêa foi selecionado como consultor do MMA e coordenou o Grupo Técnico de Integração de Dados de Biodiversidade (GT-MMA), entre 2011 e 2012. O grupo definiu as diretrizes para o compartilhamento da informação no âmbito do Ministério e optou pelo uso de ferramentas do tipo “código aberto” (open source). Em 2013, partiu-se então para o trabalho de organizar e tornar público os dados do ICMBio, uma das cinco instituições vinculadas ao MMA – as outras são o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a Agência Nacional de Águas (ANA).
Mais de 1,5 milhão de registros
“Desenvolvemos uma arquitetura de sistemas de informação que integra as diferentes bases de dados sobre biodiversidade existentes no ICMBio, formadas por dados gerados do monitoramento das unidades de conservação e por centros de pesquisa a ele vinculados”, explica. O Portal da Biodiversidade brasileiro do Ministério do Meio Ambiente foi desenvolvido com base num sistema existente da Austrália, considerado o estado da arte em termos de arquitetura e gestão de dados sobre o tema.
Coube aos pesquisadores projetar e desenvolver essa arquitetura, de forma que pudesse agregar os dados da fauna no âmbito do ICMBio, integrando-os e disponibilizando-os por meio de um portal de dados. Os pesquisadores desenvolveram um sistema que integra diferentes bases de dados, disponíveis em instituições e unidades de conservação dispersas em todo o Brasil, envolvendo dados de conservação de primatas, aves, mamíferos marinhos, tartarugas marinhas do Projeto Tamar, dentre outros.
O Portal disponibiliza mais de 1,5 milhão de registros de observações de espécies animais, ameaçadas ou não de extinção. Pode-se pesquisar no site por espécies, usando o nome científico ou comum, por unidade de conservação, bioma, locais onde espécies foram avistadas etc.
Parte das atividades do grupo da Poli/USP incluiu a capacitação dos pesquisadores e técnicos do ICMBio, envolvendo aproximadamente 80 pessoas de centros de pesquisa e unidades de conservação, de modo que o Instituto poderá fazer a operação e atualização atualização automática dos dados do portal. Outro resultado prático é a publicação de dois livros que tratam da gestão de dados de biodiversidade e de recomendações técnicas que apoiarão tanto o MMA como outras instituições brasileiras na integração e disponibilização de dados de biodiversidade.
Confira o Portal da Biodiversidade.
Fonte: Agência USP – Janaína Simões