População desconhece a importância da polinização para a produção de alimentos

Apesar da sua importância para garantir alimentos de qualidade na mesa do brasileiro, aumentar a produção agrícola e, consequentemente, o lucro do agricultor, uma pesquisa inédita realizada pelo IBOPE, encomendada pelo projeto Polinizadores do Brasil, constatou que 78% da população adulta brasileira desconhece ou nunca ouviu falar no termo polinização.

Para divulgar a necessidade de promover a conservação e o uso sustentável desses animais, o projeto Polinizadores do Brasil, coordenado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e pelo Ministério do Meio Ambiente, formou uma rede nacional de pesquisa que, entre 2010 e 2015, estudou a polinização de culturas agrícolas brasileiras, produziu uma série de planos de manejo com recomendações para agricultores e observou o comportamento de diferentes espécies de polinizadores, identificando, inclusive, nove novas espécies de abelhas, das quais três já foram publicadas.

“O projeto Polinizadores do Brasil é a maior iniciativa já realizada no país sobre o assunto e reforça a importância da polinização para a segurança alimentar. É um grande trabalho de pesquisa e análise de dados, que envolveu quase 60 bolsistas de 18 instituições de pesquisa em mais de quinze estados brasileiros.

Ele também é parte de um esforço global para entender, conhecer e reconhecer o papel dos agentes polinizadores na produção agrícola, cujo serviço prestado mundialmente é estimado em US$ 350 bilhões”, afirma a secretária-geral do Funbio, Rosa Lemos de Sá, citando que foram investidos pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) aproximadamente US$ 3,3 milhões para a execução do projeto no Brasil.

Sob a coordenação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a iniciativa também acontece na África do Sul, Gana, Índia, Nepal, Paquistão e Quênia.

Dentre as quase 310 mil espécies de plantas conhecidas atualmente, 87% delas dependem, em algum grau, de polinizadores animais. Entre os agentes polinizadores estão aves, morcegos, mamíferos não voadores, répteis, moscas, besouros, abelhas, entre outros.

Sendo as abelhas responsáveis por mais de 70% das polinizações e também consideradas os agentes mais eficientes. No entanto, apesar da relevância, de acordo com a pesquisa IBOPE encomendada pelo projeto, entre os 22% dos brasileiros que afirmam conhecer o termo polinização, somente 8% dizem que é o processo de transporte do pólen de uma flor para a outra, 43% sabem que a polinização ocorre a partir da ação de animais e poucos conhecem outros meios de polinização como ar e água.

maçã

 

  1. Algodão: As flores polinizadas por abelhas apresentaram um aumento de 12% a 16% no peso da fibra e um incremento de 17% de sementes por fruto;
  2. Caju: Áreas de plantio distantes no máximo 1 km de reservas de matas, com maior visitação de polinizadores, apresentaram produtividade superior às áreas distantes mais que 2,5 km;
  3. Castanha-do-brasil: Apenas 2,7% das flores manipuladas manualmente pelos pesquisadores geraram frutos, com índice de 75% de rejeição, enquanto as polinizadas por agentes naturais frutificaram em 10% com nenhuma rejeição observada após 70 dias;
  4. Canola: A visitação de abelhas aumenta a produção de canola de 17% a 30%;
  5. Maçã: O uso de abelhas sem ferrão (Melipona quadrifasciata), em conjunto com as abelhas-africanizadas (Apis mellifera), registrou um aumento de 44% na produção de frutas e de 67% na produção de sementes;
  6. Melão: Nos testes realizados com a polinização adequada (uma colmeia de abelhas para cada 3 mil plantas) se constatou aumento de até 150% no número de visitas às flores, com um crescimento de até 15% na produtividade e 50% na qualidade do fruto;
  7. Tomate: Os tomateiros podem se autopolinizar, mas, com a visita de abelhas, a frutificação subiu até 12%, os tomates pesam até 41% a mais e geram 11% a mais de sementes.

Fonte: Maxpress