Polinizadores retornam após restauração florestal

Em estudo inédito realizado pelo Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), a bióloga Fabiana Palmeira Fragoso coletou dados sobre a presença de insetos polinizadores, como abelhas, moscas e borboletas, nos ambientes em processo de restauração florestal. O estudo levou mais de quatro anos, e foi realizado no Estado de São Paulo – nas cidades de Ribeirão Preto, Jaboticabal, Monte Alto e Sertãozinho.

Segundo a pesquisadora, essa é uma região com grande degradação ambiental, o que torna quase impossível a restauração por meio de regeneração natural e, portanto, é imprescindível o plantio de árvores.

Os resultados da pesquisa mostraram que, logo nos primeiros anos de plantio para a recuperação de áreas degradadas dessas florestas, os insetos polinizadores retornaram e que as grandes responsáveis por esse fenômeno são as plantas que se regeneraram espontaneamente. Em sua maioria, estas são as chamadas plantas ruderais, que conseguem se desenvolver em ambientes perturbados pela ação humana.

Na região estudada, as matas são formadas, principalmente, por florestas estacionais semideciduais, um tipo de vegetação pertencente ao bioma da mata atlântica, que ocorre em regiões que possuem duas estações climáticas bem definidas, o inverno seco e o verão chuvoso.

“Foi interessante notar que, além das espécies arbóreas plantadas, existem muitas outras espécies que chegam espontaneamente na área e que também florescem em grande quantidade. A maior parte dessas espécies são plantas herbáceas e arbustivas, como emilia ou serralhinha (Emilia fosbergii), melão-de-são-caetano (Mormodica charantia), serralha (Sonchus oleraceus), corriola (Ipomea cairica), gervão (Stachytarpheta cayennensis), cambará (Lantana camara), entre outras. “Nos estágios iniciais da restauração, poucas espécies das árvores plantadas atingem a maturidade e produzem flores. Com isso, ofertam poucos recursos aos insetos”, afirma Fabiana.

Aplicações práticas

O trabalho desenvolvido por Fabiana tem implicações práticas para o manejo de áreas restauradas. Também mostra a importância de alguns desses insetos na manutenção das comunidades em processo de restauração. “Esses dados têm aplicações nos casos em que houver preocupação particular com a recuperação das interações planta e polinizador.”

“Podemos usar o conhecimento gerado para manejar tanto plantas quanto polinizadores, de modo a se tentar aumentar a biodiversidade local nas florestas restauradas”. Com a introdução de certas espécies de plantas, é possível atrair determinado grupo de polinizadores que sejam também eficientes na polinização de algum cultivo de interesse”, destaca Fabiana.

O estudo “Restabelecimento das interações entre plantas e visitantes florais em áreas restauradas de Floresta Estacional Semidecidual” está disponível, em PDF, aqui.

 

Fonte: Jornal da USP e Agrosoft Brasil