Pesquisadores pedem participação na elaboração de políticas públicas para conservar polinizadores

Cientistas, docentes e discentes, especialistas em Biologia e Ecologia da Polinização no Brasil que participaram do II Simpósio Brasileiro de Polinização (Catalão-GO) endossaram a Carta Catalão, um documento que tem o objetivo de chamar a atenção do Governo Federal para as ameaças atuais às interações entre polinizadores e plantas e os custos econômicos e sociais da perda da sustentabilidade destes serviços para o País.

O texto foi elaborado, conjuntamente, por Blandina Viana, da Universidade Federal da Bahia (idealizadora da iniciativa), Kayna Agostini (Universidade Federal de São Carlos – UFSCar), Marina Wolowski (Universidade Federal de Alfenas – Unifal), Paulo Eugênio de Oliveira (Universidade Federal de Uberlândia – UFU), André Rech (Univ. Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM) e Hélder Consolaro, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e presidente do Simpósio, que assina o documento.

A Carta foi endereçada à Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente e está sendo enviada a outros órgãos do governo brasileiro.

Em entrevista para a A.B.E.L.H.A., Hélder Consolaro afirma que a Carta Catalão tem por objetivo maior, naturalmente, a conservação dos polinizadores e, consequentemente, a manutenção dos sistemas reprodutivos das plantas. “Entretanto, a partir dessas ações básicas de conservação, será possível preservar os ecossistemas e manter o uso sustentável do serviço ambiental prestado pelos polinizadores”, completa.

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Políticas públicas

No documento, os 149 participantes afirmam que somente políticas públicas que abracem as estratégias de conservação definidas na 13ª Conferência das Partes da Convenção da Biodiversidade podem ajudar a dirimir os riscos aos polinizadores e garantir o uso sustentável deste importante serviço ambiental.

Além disso, destacam algumas das recomendações da Plataforma Intergovernamental sobre a Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês), a exemplo da transformação das paisagens agrícolas em paisagens amigáveis aos polinizadores e do incentivo à integração da sociedade com a natureza, buscando promover a conservação da biodiversidade e a participação do cidadão no processo.

“Tendo em vista a excelente oportunidade de mudança da política em escala mundial para salvaguardar os polinizadores em diversos países – e a inclusão do tema na 13ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica –, solicitamos do Governo Federal, por intermédio do Ministério do Meio Ambiente, a inserção integral do Brasil na discussão e no desenvolvimento de uma Política Nacional para uso e conservação de polinizadores e do serviço de polinização, com o objetivo de gerar conhecimentos e desenvolver estratégias para conservação e manejo sustentado da polinização e dos polinizadores.”

A Carta pede ainda a participação da comunidade cientifica brasileira na elaboração da política nacional, tendo em vista a importância do conhecimento científico na formulação de políticas públicas e na tomada de decisão.

“A comunidade científica tem o papel de reivindicar ações por parte dos órgãos competentes, participar dos processos decisórios e gerar informações científicas para subsidiar essas ações, ressalta o professor Consolaro. “Para tanto, é necessário que haja financiamento de projetos de pesquisa para que os pesquisadores consigam gerar dados suficientes para isso, o que vem diminuindo muito nos últimos anos’, enfatiza.

Novas ações

O II Simpósio Brasileiro de Polinização (Catalão, Goiás) foi realizado em outubro do ano passado na UFG, em Catalão (GO), oportunidade na qual ainda foi criada a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP), que tem como objetivo agregar de forma organizada e padronizada o grande volume de dados disponíveis na literatura e dos grupos de pesquisa de especialistas em Biologia da Polinização no país.

A partir dessa rede, será possível trabalhar os dados voltados à conservação e ao manejo de polinizadores e dos serviços de polinização.

O próximo Simpósio Brasileiro de Polinização, evento bianual, terá sua terceira edição em 2018, na Unesp-Botucatu.

Leia aqui a Carta Catalão.