O uso de veículos aéreos não tripulados, os drones, para ajudar a natureza no Brasil é algo que está apenas decolando. Mas já é possível dizer que o panorama que se descortina com o uso desses aparelhos é de grandeza amazônica. Mais populares no exterior, os drones chegam ao Brasil com vasta experiência no monitoramento de fauna — em aspectos relacionados a hábitat, migrações, contagem de indivíduos, entre outros — e em fiscalização (de desmatamentos, por exemplo), além de usos em desastres como enchentes e na observação de geleiras.
As possibilidades são inúmeras e seguem crescendo, conforme avança o desenvolvimento de tecnologia para câmaras e outros aparelhos com diversos tipos de sensores, capazes de identificar, por exemplo, pessoas no interior de uma mata fechada.
No ano passado, a ONG ambientalista WWF Brasil começou um programa para testar a viabilidade do uso dos aparelhos no País. A organização também já tinha experiência no exterior. Em 2012, o WWF ganhou um prêmio de US$ 5 milhões do Google para um projeto que conseguiu praticamente zerar a atividade de caçadores sobre rinocerontes e elefantes em áreas protegidas na África.
No Brasil, a parceria para testar o uso de drones em conservação da natureza inclui, além da ONG, a Embrapa, a Universidade Federal de Goiás e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Agora, ao completar um ano de testes, o grupo deve publicar as primeiras conclusões do estudo. Uma delas aponta que os melhores aparelhos para esse tipo de serviço não são os mais caros e sofisticados, mas os mais baratos, que custam em torno de R$ 10 mil reais, de acordo com o especialista em conservação do WWF Brasil Marcelo Oliveira. “Os modelos mais simples são muito eficientes, de fácil operação e têm muita resistência ao vento”, diz.
Uma limitação desses aparelhos é o tempo de autonomia das baterias, mas, segundo Marcelo, eles são adequados para áreas de até 10 hectares, desde que se tenha um bom jogo de baterias. “Eu tenho seis, que duram 20 minutos cada”, conta. Outra conclusão do estudo é que as imagens obtidas com o uso de drones são melhores e mais baratas que aquelas feitas por satélite.
Uma das regiões monitoradas pelo estudo inclui áreas de recuperação de florestas em matas ciliares no município de Lençóis (SP), região produtora de cana-de-açúcar. “Com os drones, é possível avaliar a qualidade da regeneração florestal, algo que praticamente não existe no Brasil, em função dos custos”, diz Marcelo.
Fonte: Correio Braziliense