Com cerca de 100 mil apicultores, Angola pode facilmente aumentar a produção de mel das atuais 90 toneladas para cerca de 200 toneladas por ano. A projeção é da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad.
Em parceria com o governo angolano, a agência identificou o setor como um canal para ajudar na diversificação da economia. Até 2022, Angola faz a transição de economia menos avançada para nação de rendimento médio. O petróleo é hoje a principal mercadoria no país africano, representando cerca de um terço do Produto Interno Bruto, PIB. O recurso foi responsável por 93% das exportações em 2019.
A Unctad lembra que, na década de 1950, Angola era um dos maiores produtores globais de mel.
A ONU News conversou com o gestor do Programa das Nações Unidas de Reforma e Modernização do Comércio Externo em Angola.
De Luanda, Olívio Borges falou de potenciais ganhos com a Janela Única do Comércio Externo. Ele crê que novas regras possam impulsionar o comércio e ajudar o meio ambiente, os empreendedores e comunidades rurais.
Espécies
O especialista da ONU realçou ainda como os produtores de mel poderiam ter o dia a dia com uma operação “mais simples, transparente e previsível”.
“Os custos também irão diminuir, serão previsíveis. O importador ou exportador saberá quais são os requisitos legais, os documentos ou procedimentos e quem são os interlocutores.”
Os benefícios de uma retomada ou ampliação do negócio de produtos como o mel estão na mira de cidadãos como Max Vicente, formado no Brasil. Ele quer expandir o seu negócio de mel orgânico e natural da província do Huambo, centro de Angola.
São Paulo
O empreendedor apostou na atividade em 2012, após concluir o doutorado em zootecnia e aprender bases da apicultura em São Paulo. Atualmente a produção chega a 2 toneladas de mel por ano, que são vendidas inteiramente em Angola.
Vicente disse que quer entrar nos mercados estrangeiros. A produção nacional foi se atrofiando por usar métodos tradicionais e artesanais, enquanto apicultores de outros países faziam a transição para técnicas modernas.
Para a diretora interina de Comércio Internacional da Unctad, o setor apícola pode dinamizar a economia verde. Teresa Moreira diz que com uma apicultura e produção bem feitas, os produtores de mel ajudariam a proteger a biodiversidade.
Ecossistema
A especialista da agência destaca que com mais plantas, haverá mais alimento para as abelhas e, portanto, mais mel. No processo haveria incentivo financeiro para os apicultores protegerem o ecossistema local.
A atividade com os polinizadores também ajudaria os agricultores a produzir mais alimentos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, cerca de 75% das safras mundiais cultivadas para consumo humano dependem em algum graus dos da polinização animal.
Fonte: ONU News