O declínio dramático das populações de abelhas nos últimos anos tem levado os cientistas a uma corrida global para identificar os principais responsáveis por essa perda.
Três quartos das culturas alimentares do mundo dependem de abelhas e outros polinizadores, o que significa que o sumiço delas põe em xeque a segurança alimentar além de afetar o equilíbrio dos ecossistemas.
O dano infligido pelas mudanças climáticas aos polinizadores é uma preocupação particular para os cientistas. Uma nova pesquisa, desenvolvida pela Universidade Estadual da Flórida e colaboradores, ajuda a explicar o vínculo entre o clima global em mudança e declínio das populações de abelhas em todo o mundo.
No estudo, publicado na revista Ecology Letters, os pesquisadores descobriram que, assim como o sumiço das abelhas afeta a produção de alimentos, as mudanças climáticas afetam a disponibilidade de flores e alimentos para as próprias abelhas.
A equipe de pesquisa examinou três espécies de abelhas das montanhas rochosas do Colorado, nos EUA, e descobriram que à medida que o clima global muda, os ciclos sazonais delicadamente equilibrados também começam a mudar. Nas montanhas rochosas, isso significa a antecipação do degelo e o prolongamento da estação das flores.
De saída, essas mudanças podem parecer uma benção para as abelhas, afinal uma temporada de floração mais longa proveria mais alimento para as abelhas. No entanto, os pesquisadores descobriram que à medida que a neve derrete mais cedo e a temporada de floração se estende, o número de dias com pouca disponibilidade de flores aumenta, resultando em uma escassez geral de alimentos, que está relacionada ao declínio populacional das abelhas.
“Quando os pesquisadores pensam sobre os efeitos das flores nas abelhas, eles geralmente consideram a abundância como o fator mais importante, mas descobrimos que a distribuição das flores ao longo de uma temporada foi o mais importante para as abelhas”, disse Jane Ogilvie, principal autora do estudo em nota da Universidade.
“Quanto mais dias com boa disponibilidade de flores, mais abelhas podem forragear e as colônias podem crescer. Agora temos temporadas de florescências mais longas por causa da precipitação do derretimento de neve, mas a abundância floral não mudou em geral. Isso significa que temos mais dias em uma estação com pouca disponibilidade de flores”.
Segundo a pesquisadora, a descoberta contribui para a crescente evidência das graves consequências ecológicas das mudanças climáticas e lança novos desafios para a conservação. Os resultados sugerem, ainda, que os pesquisadores do tema devem considerar como as fontes alimentares de uma espécie podem estar respondendo às mudanças climáticas.
Fonte: Exame – Vanessa Barbosa