Um novo mapa do Brasil começa a ser delineado segundo o conceito do saber fazer e das características de uma determinada região, que resultam em especificidades a um produto. Não se trata de uma delimitação sociopolítica, mas de uma demarcação de acordo com as Indicações Geográficas (IGs).
O Brasil tem 43 IGs registradas no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), 27 delas relacionadas a produtos agroalimentares. O mel de Ortigueira, no Paraná, é o primeiro a conquistar o título de Denominação de Origem (DO). “A flora da região é muito diversificada e resulta num mel único, só produzido na localidade”, diz Fernando Pizani, consultor do Sebrae no Paraná.
Em território brasileiro, há dois tipos de IGs: Indicação de Procedência (IP) e DO. A primeira é quando o INPI chancela, a partir de entrevistas e dados históricos, que um produto é diferenciado.
O segundo é concedido pelo órgão quando o produto é proveniente de uma localidade, em que solo, clima, topografia e modo de fazer conferem a ele um sabor único, não encontrado em outros locais. O mel de Ortigueira é a segunda IG de mel do País, mas a primeira DO. Em março deste ano, o mel do Pantanal obteve o registro de IP. “Esta indicação engloba apicultores do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso”, diz Hulda Giesbrecht, analista de inovação e tecnologia do Sebrae.
A DO para o mel de Ortigueira envolve cerca de 60 apicultores ligados à Associação dos Produtores Ortigueirenses de Mel (Apomel). A região tem um clima ameno, classificado como subtropical úmido, com chuvas concentradas no verão – a média mensal de precipitação nestes meses é de 110 milímetros e a temperatura é inferior a 22°C.
As principais floradas para produção de méis monoflorais são de capixingui, eucalipto, assa-peixe, canelas, maria-mole, gurucaia, aroeira, vassourinha, gabiroba e angico. “As demais floradas de outras espécies melíferas formam o mel silvestre, que é a mistura de vários néctares”, explica o consultor Pizani.
Atualmente, a produção da Apomel é vendida a granel para o Paraná e Santa Catarina. No entanto, os apicultores querem viabilizar uma cooperativa, começar a envasar e colocar o selo de DO na embalagem para agregar mais valor ao produto.
Fonte: Revista Globo Rural – Lívia Andrade