A urbanização é um dos fenômenos que impacta negativamente as populações de polinizadores por promover a perda de hábitats naturais. Por outros lado, muitas iniciativas têm contribuído para amenizar esses efeitos, entre elas, a criação de áreas verdes com vegetação nativa ou exótica que propicia alimentação e locais para a construção de ninhos aos polinizadores. As áreas verdes urbanas também proporcionam locais adequados para lazer e realização de eventos que envolvam atividades físicas e de bem estar, além de aumentar a experiência dos cidadãos com a natureza.
Uma das iniciativas dentro deste contexto foi a publicação do catálogo “Plantas e pólen em áreas urbanas: uso no paisagismo amigável aos polinizadores” para atender a uma demanda crescente sobre quais plantas podem ser utilizadas em áreas urbanas para a manutenção de polinizadores, com ênfase nas abelhas. O levantamento das plantas foi realizado no período de janeiro a dezembro de 2018 em duas áreas urbanas da cidade de São Paulo, no Instituto de Biociências da USP-IBUSP e no Museu Catavento.
O catálogo apresenta informações sobre 84 espécies de plantas que são utilizadas pelas abelhas, tanto sociais quanto solitárias, para a coleta de alimento nas duas áreas de estudo. Para essas espécies de plantas há também uma descrição detalhada dos respectivos grãos de pólen. O uso do grão de pólen em estudos de interação abelha-planta é motivado pelo fato de que o pólen é para a espécie de planta o mesmo que a impressão digital é para um indivíduo humano. Cada espécie de planta tem o seu próprio tipo de grão de pólen, o que caracteriza a sua identidade botânica. Por isso, o pólen é considerado um importante marcador natural que pode ser usado na descoberta das espécies de plantas que são fundamentais para a manutenção das abelhas nos mais diversos ambientes.
Os dados apresentados no catálogo fazem parte do projeto intitulado “Estudo da flora apícola e dos grãos de pólen para a inserção de dados na Rede de Catálogos Polínicos online: subsídio para manejo e conservação de abelhas”, coordenado pelos pesquisadores Dra. Cláudia Inês da Silva e Dr. Antônio Mauro Saraiva. Durante esse projeto, também foi desenvolvida a plataforma RCPol (Rede de Catálogos Polínicos online), em colaboração com outros pesquisadores do Brasil e de países das Américas e Europa. No site da RCPol, são encontrados dados de mais de 1600 espécies de plantas, distribuídas em diferentes formações vegetais.
Concomitante ao catálogo, foi lançado também um segundo livro intitulado “Atlas of pollen and plants used by bees” (Atlas de pólen e plantas utilizadas pelas abelhas), preparado a partir de dados de pesquisadores de diferentes regiões do Brasil e outros países das Américas (Argentina, Canadá e Colômbia), colaboradores da RCPol. O livro apresenta informações detalhadas sobre nove trabalhos que estudaram a interação entre diferentes espécies de abelhas e plantas em localidades nesses quatro países, além de descrições para as 126 espécies de plantas usadas na dieta das espécies de abelhas estudadas, incluindo características florais e dos grãos de pólen.
O livro também apresenta a história da RCPol, desde sua idealização no ano de 2009 até os dias atuais, passando pelos desafios enfrentados e como a rede e plataforma online foram estruturadas.
O catálogo Plantas e pólen em áreas urbanas: uso no paisagismo amigável aos polinizadores, organizado por Astrid de Matos Peixoto Kleinert e Cláudia Inês da Silva, está disponível neste link.
O livro Atlas of pollen and plants used by bees, organizado por Cláudia Inês da Silva, Jefferson Nunes Radaeski, Mariana Victorino Nicolosi Arena e Soraia Girardi Bauermann, está disponível aqui.