Estudo com mamangavas revela o funcionamento da memória das abelhas

Estudo publicado no início deste ano na revista Current Biology revela que, assim como os humanos, as mamangavas (bumblebees) também podem ter lapsos de memória. O estudo é o primeiro a explorar as memórias falsas em todos os animais não-humanos, dizem os pesquisadores. Eles suspeitam que o fenômeno pode ser comum no reino animal.

“Descobrimos que traços de memória de dois estímulos semelhantes podem mesclar, de tal forma que circunstâncias registradas em distintos treinamentos podem ser combinados na recuperação da memória do inseto”, diz Lars Chittka, da Queen Mary University of London.

As mamangavas são animais bastante inteligentes, o que explica o interesse do pesquisador na aprendizagem e na memória nos insetos durante os últimos 20 anos.

As abelhas podem lembrar os padrões, as cores e os aromas de vários tipos de flores. Elas também podem navegar para aquelas flores e de volta para casa por longas distâncias.

Para descobrir, os pesquisadores treinaram as abelhas para esperar uma recompensa ao visitar uma flor artificial amarela com anéis pretos e brancos. Durante os testes subsequentes, as abelhas escolhiam entre três tipos: dois amarelos com anéis preto e branco e um terceiro tipo com anéis amarelo e branco, uma versão mista dos outros dois. Minutos após o treinamento, as abelhas mostraram uma clara preferência pela flor que as tinha recompensado mais recentemente, ou seja, sua memória de curto prazo era boa.

Alguns dias depois, os cientistas colocaram as abelhas à prova, e a resposta foi bastante positiva.  Com o passar do tempo, elas pareciam confusas com os padrões de cores, e passaram a buscar flores com anéis amarelos, embora elas nunca tenham realmente visto antes uma flor com essas características.

Os pesquisadores afirmam que a fusão de memórias de longo prazo dos insetos é semelhante aos erros de conjunção da memória dos seres humanos. Eles não acreditam que essas memórias falsas, nem em abelhas ou seres humanos, são simplesmente “bugs no sistema”, mas sim efeitos colaterais de um sistema de memória adaptativa, que está trabalhando muito bem.

O estudo “Merging of Long-Term Memories in an Insect” está disponível em Current Biology.

Fonte: EurekAlert