Nesta semana, comemoramos três datas que têm tudo a ver: hoje, 22 de maio, celebramos o Dia Internacional da Biodiversidade e o Dia do Apicultor; no último domingo, 20, foi o Dia Mundial da Abelha, recentemente instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). Não poderia ser mais feliz essa proximidade entre as homenagens e, principalmente, a oportunidade de tratar de conservação.
O Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta. E talvez, justamente por isso, possuímos uma das maiores diversidades de abelhas do mundo. Calcula-se que aqui vivam mais de 2.500 espécies. Em parte, há uma conexão óbvia entre esses fatos: o serviço de polinização das abelhas é um dos grandes contribuintes para assegurar a riqueza da flora de um bioma – acredita-se que elas podem ser responsáveis pela polinização de até 90% das plantas que possuem flores. Por sua vez, uma vegetação diversificada é o habitat perfeito para uma fauna abundante.
As abelhas são essenciais para a riqueza natural do Brasil. Apicultores e meliponicultores exercem uma atividade que contribui para a conservação das polinizadoras que, por sua vez, cooperam para a produção de alimentos e a manutenção da biodiversidade.
A Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.), que completou três anos de atuação em abril, atua com o princípio de que é possível fazer muito mais para conservar os recursos naturais do Brasil por meio do investimento em conhecimento, sobretudo a respeito do universo das abelhas que vivem em nosso território. Ainda há muito a aprender sobre a interação delas com os biomas em que vivem e, principalmente, sobre o impacto do homem e da vida moderna a esses polinizadores. Esse aprendizado pode contribuir para o desenvolvimento de mecanismos de proteção a esses insetos.
A principal via de conhecimento, sem dúvida, é a ciência, atividade por meio da qual, com método e rigor, pesquisadores se debruçam a compreender a vida no planeta. Por essa razão, a A.B.E.L.H.A. é composta por um comitê cientifico formado por conceituados especialistas em abelhas do Brasil. Esses profissionais emprestam seu conhecimento para orientar e subsidiar com dados e informações técnicas as tomadas de decisão e os projetos desenvolvidos pela Associação.
Além disso, a A.B.E.L.H.A. tem firmados acordos de cooperação com a Embrapa e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que contribuem para a disseminação de conhecimento.
O resultado disso tudo é o compromisso de desenvolver um trabalho que tenha confiabilidade e seriedade científica, que se dá por meio de apoio a projetos de pesquisa, parcerias com entidades científicas e apoio à divulgação dos conhecimentos gerados.
Listamos alguns exemplos:
Chamada Pública – Para impulsionar as investigações científicas sobre o tema no País, a A.B.E.L.H.A. formou parcerias com entidades de promoção à pesquisa, a exemplo do CNPq, união que rendeu o maior investimento público-privado já realizado no Brasil para estudar polinizadores, com R$ 2,8 milhões dedicados a viabilizar cinco projetos científicos independentes.
Plataforma de Informação – Um dos primeiros projetos realizados pela A.B.E.L.H.A. teve como objetivo facilitar o acesso à ampla gama de estudos e dados científicos sobre polinizadores. Em parceria com o Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA), desenvolveu duas plataformas de pesquisa que integram diferentes bancos de dados científicos sobre abelhas neotropicais e sobre a interação entre plantas e abelhas. As duas plataformas recebem mais de 100 mil visualizações por ano.
geoApis – Há ainda projetos de base científica que rendem resultados práticos para os apicultores. Um exemplo recente é a plataforma geoApis, um sistema de georreferenciamento que dá ao apicultor participante informação técnica sobre a localização de seu apiário. Por meio de análise de biólogos e engenheiros agrônomos, ele fica sabendo qual é a oferta de recursos florais para suas abelhas, se há competição de alimento com abelhas de outros apiários ou se suas caixas estão muito próximas de áreas agrícolas que fazem uso de defensivos agrícolas.
Apiário Experimental – Também com resultados práticos, o Apiário Experimental mostra que a adoção de boas práticas de manejo pode elevar em mais de 60% a rentabilidade de um apiário. Trata-se de um estudo de campo, conduzido pela A.B.E.L.H.A., com o objetivo de demonstrar aos apicultores a importância do correto manejo apícola.
Apoio a publicações e eventos – Em outra linha de atuação, a A.B.E.L.H.A. promove também a disseminação do desenvolvimento científico realizado no País apoiando a publicação de livros e a realização de eventos, além de dar suporte à participação de pesquisadores em congressos nacionais e internacionais. Um exemplo recente é o livro “A abelha jandaíra no passado, presente e futuro”, escrito a várias mãos por estudiosos e meliponicultores sobre uma das abelhas mais importantes do Nordeste. A impressão da obra, que possibilitou a sua distribuição gratuita, , foi patrocinada pela Associação.
Website e redes sociais – Além do site, a A.B.E.L.H.A. mantém quatro perfis nas redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter e YouTube) para compartilhamento de notícias, artigos e pesquisas sobre abelhas e polinização, no Brasil e no mundo.
Conta também com o apoio de biólogos consultores para esclarecer dúvidas do público, de estudantes, professores e apicultores que entram em contato por esses canais – em média, mais de 30 consultas mensais. A A.B.E.L.H.A. também é constantemente demandada por estudantes de biologia e agronomia, que contam com o apoio dos consultores no levantamento de dados científicos. Trabalho semelhante também é realizado com a imprensa, com a indicação de pesquisadores para esclarecimentos e entrevistas.
Videocasts – Para disseminar a relevância das abelhas para o futuro do planeta, desde junho de 2018 a A.B.E.L.H.A. intensificou seus esforços de conscientização para o público jovem, entre 18 e 24. Foram produzidos quatro vídeos educativos sobre diversos aspectos desses insetos, todos viralizando nas redes sociais e atingindo mais de 400 mil pessoas.