São Paulo, 13 de julho de 2015 – As razões para o desaparecimento das abelhas em grande número, nos últimos anos, continuam mal compreendidas. Na última quinta-feira (9), a revista científica Science publicou um abrangente estudo que explica a responsabilidade da mudança climática no declínio das populações de abelhas. A pesquisa, liderada pela Universidade de Ottawa (Canadá), analisou quase meio milhão de registros de 67 espécies de abelhas do gênero Bombus, nos últimos 110 anos na América do Norte e na Europa. Essas abelhas estão entre as principais espécies criadas para comercialização de mel e outros produtos no mundo.
O relatório levantou uma nova preocupação. A distribuição natural das abelhas estudadas diminuiu. Elas perderam terreno nas áreas mais quentes, ao sul e não estão colonizando novas áreas ao norte, ou seja, elas estão sendo comprimidas em um espaço cada vez menor e já perderam uma faixa de 300 quilômetros de habitat nos dois continentes. Para solucionar o problema, os autores do estudo sugerem mover populações de abelhas para novas áreas onde elas poderiam sobreviver. De acordo com eles, essa “migração assistida” tem gerado controvérsia, todavia, devido ao avanço do aquecimento global, a medida vem ganhando espaço.
Segundo Vera Lúcia Imperatriz Fonseca, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Tecnológico Vale – Desenvolvimento Sustentável (ITVDS) e membro acadêmico da associação A.B.E.L.H.A, o assunto é sério e demanda atenção. As mudanças climáticas afetarão especialmente a distribuição dos polinizadores. “Devemos promover ações conjuntas com os governos para reduzir a taxa de mudança climática e para que haja definição de um acordo de sustentabilidade pós-2015”. E, enquanto grandes ações não acontecem, cada um de nós, pode fazer a sua parte. “Plantar mais árvores nas cidades e criar jardins com flora nativa que possa alimentar as abelhas”, destaca.
Vera também chama a atenção para a importância das coleções biológicas encontradas nos museus, que são a fonte destes modelos de pesquisa. “Precisamos estimular a formação de taxonomistas e a melhoria das condições das fontes de pesquisa no Brasil, assim como o livre acesso aos acervos qualificados. Este importante estudo da Science foi fundamentado no acervo público de muitos museus e centros de pesquisa” finaliza.