Crédito da imagem em destaque: Cristiano Menezes
A meliponicultura é a prática de criar abelhas-sem-ferrão, um tipo de abelha menor e sem ferrão, diferindo das abelhas convencionais que possuem ferrão e podem picar. Além disso, o mel das abelhas-sem-ferrão tem uma composição físico-química diferente do mel de Apis mellifera, conferindo características de sabor, de cor e de odor diferenciados.
De acordo com a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A.), o Brasil conta com mais de 250 espécies de abelhas-sem-ferrão descritas. A bióloga Kátia Aleixo ressalta que a meliponicultura é uma atividade sustentável, com potencial de gerar renda para comunidades rurais, indígenas e tradicionais, além de ter baixo impacto ambiental. Ela também destaca o papel da meliponicultura na conservação dessas espécies e na promoção dos serviços de polinização, essenciais para a reprodução de plantas e manutenção da biodiversidade.
As abelhas-sem-ferrão são importantes polinizadoras de cultivos alimentares, especialmente de frutas como morango, açaí, maçã, goiaba, laranja, melancia, abacate, cupuaçu, coco e umbu, além de culturas como abóbora, café, tomate, berinjela e urucum, conforme indica o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil.
Kátia observa que, ao visitar e polinizar plantas nativas, as abelhas-sem-ferrão podem contribuir para a recuperação de áreas degradadas, podendo ser integradas a práticas agrícolas sustentáveis. Essa integração beneficia a produtividade e a qualidade dos cultivos, diversifica a oferta de alimentos e reduz a necessidade de expansão de terras agrícolas. A meliponicultura também favorece o uso racional de defensivos agrícolas e o controle de pragas, estimulando a geração de renda para meliponicultores e pequenos agricultores.
Contudo, a especialista alerta que é essencial que a criação seja realizada de acordo com a legislação, que determina que o meliponário deve ser instalado em áreas onde as espécies de abelhas-sem-ferrão ocorrem naturalmente. Isso garante que as condições de clima e vegetação locais favoreçam o desenvolvimento saudável das espécies, sem afetá-las negativamente. A bióloga ainda explica que “o transporte e a criação de espécies para fora de sua área de ocorrência natural também pode levar à competição com espécies locais por alimentos e lugares para a construção dos ninhos, além do intercâmbio de parasitas e doenças”.
Fonte: Rede Globo / EPTV Agro – Marina Fávaro