Nem só da extração do mel vive a apicultura. Outros subprodutos interessantes, se bem aproveitados, podem oferecer vantagem competitiva ao produtor. A cera de abelha, por exemplo, pode ser uma oportunidade de renda especialmente nos períodos de entressafra do mel e é considerada uma excelente matéria prima para a fabricação de artigos biodegradáveis, exigência atual de consumidores conscientes. Esta alternativa aos pequenos produtores é detalhada no mais recente relatório do Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Sebrae, que mostra características técnicas, processos de extração e produtos com cera de abelha.
A cera é bastante utilizada como insumo na apicultura, mas ela serve para as indústrias de cosméticos, farmacêutica e odontológica (cera branqueada), além de ser aproveitada também em mobiliários, tintas e artigos de couro, por exemplo. Calcula-se que as abelhas precisem produzir 6 kg de mel para chegar a 1 kg de cera. A extração é um processo importante, pois influencia diretamente na qualidade do produto final. Durante o procedimento, é necessário evitar contaminações e desperdício.
Entre as várias técnicas de extração e purificação da cera estão:
– Processo do saco: é o mais simples e antigo. Consiste em colocar a cera dos favos em sacos de pano mergulhados em água para filtrar as impurezas. O resultado porém, é um rendimento baixo e qualidade inferior da cera.
– Derretedor ou purificador solar: nesta técnica, a cera é armazenada em um derretedor exposto ao sol, que aproveita o máximo de luminosidade possível. O método purifica pouca quantidade por dia, mas resulta em uma cera de qualidade a partir de energia limpa e renovável
– Derretedor ou purificador a vapor: um recipiente com parede dupla, com água entre as duas superfícies, gera um vapor que derreta a cera dos favos. O processo é rápido e permite derreter os favos mais velhos, mas demanda cuidado constante com o nível da água.
Algumas empresas se destacaram desenvolvendo produtos utilizando a cera de abelha, como a Go Green, que desenvolveu a primeira parafina brasileira 100% ecológica e 100% biodegradável. A base da parafina é feita com cera de abelha misturada com outros produtos do reino vegetal, que resulta em um produto de alta performance e durabilidade.
Outro exemplo de criatividade vem da Suécia: designers que participavam de um desafio proposto pelo estúdio Tomorrow Machine apresentaram uma embalagem de alimento feita com cera de abelha prensada a uma espessura tão fina que pode ser descascada.
Para os apicultores que se interessaram nas técnicas para extração da cera de abelha e nas oportunidades de mercado para este produto, o SIS/Sebrae recomenda:
– Verifique as diferentes técnicas de extração e purificação existentes no mercado para avaliar qual delas é melhor para seu negócio. Você pode usar a cera extraída como próprio insumo, pode vender para outros apicultores, para empresas de outros segmentos ou ainda produzir diferentes tipos de produtos com a matéria-prima extraída.
– Fique atento às normas do setor, especialmente a Portaria Nº 6, de 25/07/1985 (que se refere às Normas Higiênico-Sanitárias e Tecnológicas) e a Instrução Normativa Nº 3, de 19/01/2001 (pertinente a regulamentos técnicos de identidade e qualidade)
– Identifique empresas ou produtos do mercado que utilizam ceras sintéticas na composição, e que podem ser substituídas por cera de abelha, a fim de identificar novas oportunidades.
– Os EUA e a União Europeia costumam importar cera de abelha, além do mel. Informe-se sobre as exigências para a exportação deste produto. Conheça também o projeto Brazil Let’s Bee, uma parceria da Abemel com a Apex-Brasil para a abertura comercial junto a outros países.
Fonte: Portal do Agronegócio