Os efeitos do El Niño, fenômeno climático que em 2015 reduziu de 4 mil quilos para pouco mais de meia tonelada a safra estadual de mel, estão entre os dados coletados no primeiro censo apícola de Santa Catarina. Financiado com R$ 1,5 milhão repassado pelo Banco do Brasil, a pesquisa de campo pretende, também, atualizar o número de produtores, onde estão concentrados, o que e quanto é produzido por colmeia e quais as tecnologias e técnicas de manejo empregadas.
A intenção é atualizar os dados de produção para elaboração do primeiro diagnóstico da atividade no Brasil, explica o presidente da Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina (Faasc), Nésio Fernandes de Medeiros, 60 anos. O censo do mel no Estado está sendo viabilizado, também, por meio de parceria com Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Iniciado em fevereiro, prioritariamente entre associados da Faasc, a meta é alcançar 100% dos produtores até novembro deste ano, prevê Medeiros. “Queremos saber quem e quantos somos, onde estamos e o que produzimos, e conhecer a realidade e o nível tecnológico do produtor catarinense”, diz. O levantamento está descobrindo, por exemplo, se o apicultor se prepara para períodos chuvosos e de pouca floração, por exemplo.
Entre as dicas de manejo para manter a produção da colmeia estão a troca anual de favos e a substituição de rainhas [entre nove meses e um ano], medidas que, segundo Medeiros, viabilizará abertura de cursos e excursões técnicas. “A ideia é aumentar a produtividade dos enxames e a renda do apicultor”, acrescenta. A federação reúne 60 associações representando aproximadamente 3.000 apicultores.
Em busca de novas tecnologias
Em Santa Catarina, além do excesso de chuva na primavera passada, desmatamentos, plantas transgênicas, agrotóxicos e o microcarrapato varroa estão entre as causas do desaparecimento das abelhas. O problema é mais grave porque faltam investimentos em tecnologia e pesquisas, avalia o presidente da Faasc.
Para o professor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina (CCA/UFSC), Afonso Orth, 59, a mecanização é outro caminho obrigatório para a profissionalização da apicultura. “Alguns produtores adotam novas técnicas e tecnologias, mas a maioria mantém práticas arcaicas e extremamente pesadas e improdutivas”, diz.
Fonte: Notícias do Dia – Edson Rosa