“O Brasil e os países vizinhos mostram ao mundo que é possível praticar uma agricultura que reverta a degradação da terra”. Destacando os pontos favoráveis desenvolvidos no Brasil para tornar a intensificação sustentável viável, Amir Kassam, representante da Divisão de Produção e Proteção de Culturas da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), falou sobre os desafios globais ligados à sustentabilidade de sistemas de produção agropecuários durante a cerimônia de abertura do Congresso Mundial sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, realizado em julho, em Brasília.
“Trata-se de um novo paradigma de produção de alimentos”, explicou o palestrante, cujo início do processo se deu nos anos 90, com a adoção da técnica de plantio direto sobre a palha.
Kassam, que também é professor-visitante na Faculdade de Agricultura e Desenvolvimento da Universidade de Reading (Reino Unido), elencou cinco fatores determinantes para que ocorra a intensificação sustentável: produtores rurais dispostos a inovar; organização dos produtores; tecnologias e comunicação alinhadas com o novo paradigma; políticas públicas que incentivem a adoção de novas práticas, como o Plano ABC; parcerias com o setor privado que beneficiem a sociedade.
Em relação a esse contexto, ele enfatizou que a América Latina está à frente da Europa, já que no velho continente não há incentivos para o desenvolvimento desses fatores e citou como consequência do antigo sistema de produção o desaparecimento de pássaros e abelhas. “Falta ligação entre universidade, tecnologia e comunicação para o novo paradigma”.
O professor foi otimista ao dizer que acredita que é possível mudar, já que o Brasil e os países vizinhos estão servindo de modelo para o mundo: “O novo paradigma da agricultura de plantio direto está agora se espalhando por todos os continentes […] numa taxa anual de 10 milhões de hectares. Isso é a fonte de nossas esperanças”.
Para encerrar, Kassam foi enfático ao lembrar que é preciso traça um caminho para se alcançar a sustentabilidade da agricultura. “A necessidade de mudança é urgente em todos os lugares. Nós precisamos ser corajosos, persistentes e inovadores para a implantação da mudança desse paradigma […]. Ao promover os sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta, nós estamos criando mais harmonia entre a natureza e os seres humanos”, completou.
Fonte: Embrapa