Líderes de todo o mundo estiveram reunidos há duas semanas em Paris para discutir os avanços e desafios na luta contra as mudanças climáticas. O encontro foi organizado pelo presidente Emmanuel Macron, forte opositor do norte-americano Donald Trump quando o assunto é sustentabilidade. Entre os convidados mais ilustres, estava um dos homens mais ricos do mundo, Bill Gates, cofundador da Microsoft.
No LinkedIn, o empresário escreveu sobre as suas impressões em relação à reunião e ao tema, que classificou como um “desafio urgente”. Para Gates, a humanidade vive um “momento crucial” e precisa tanto se adaptar às mudanças climáticas que já estão afetando o planeta, quanto desenvolver novas ferramentas para evitar que o problema piore daqui para frente.
“A inovação é fundamental para ambas as tarefas”, escreveu. “Os avanços científicos na agricultura, por exemplo, ajudarão os agricultores a lidar com a mudança dos padrões climáticos. E pesquisas na área da energia, por sua vez, possibilitarão manter as luzes acesas na vida moderna — ou seja, a forma como vivemos, trabalhamos, viajamos e fazemos as coisas —, sem adicionar mais gases de efeito estufa à atmosfera.”
Segundo ele, a boa notícia é que há muitos avanços nessas duas frentes. Existe, por exemplo, mais engajamento em torno da utilização de energia limpa, inclusive por parte do setor privado. Ele alerta, contudo, que é preciso acelerar o ritmo do progresso. “O mundo não pode se dar ao luxo de esperar as décadas que costumam demorar para desenvolver uma tecnologia promissora encontrar investidores, conectar-se com governos dispostos a implementá-la e alcançar clientes. Nosso objetivo é tirar ideias do laboratório e entrar no mercado muito mais rápido.”
Bill Gates diz que é por esse motivo que está animado com novas parcerias, que estão se formando “como nunca antes”. Ele afirma que o financiamento público e privado para a pesquisa muitas vezes não é coordenado, uma das razões pelas quais algumas tecnologias promissoras nunca chegam ao mercado, mas que isso já está mudando.
Já do ponto de vista do agronegócio, pequenos agricultores estão recebendo mais ajuda. Cerca de 800 milhões de pessoas pobres da África subsaariana e do Sul da Ásia dependem da agricultura para sua alimentação e renda, ele aponta. À medida que o planeta aquece e o clima fica mais imprevisível, as plantações perdem produtividade e podem até desaparecer. “A inovação [em plantações] pode ajudar a evitar esse tipo de catástrofe.”
A Fundação Gates está investindo em três áreas da agricultura que países em desenvolvimento relatam como particularmente cruciais. Uma é melhorar as plantações, aumentando a variedade. O segundo é proteger as plantações de doenças, secas e inundações. E a terceira área é dar aos agricultores maneiras mais avançadas de gerenciar as culturas em um clima em mudança. “Como você pode ver, há muito acontecendo. Estou otimista que, se continuarmos nesse ritmo, poderemos parar a mudança climática e ajudar aqueles que estão sendo prejudicados por ela — tudo ao mesmo tempo que atendemos as crescentes necessidades energéticas do mundo.”
Fonte: Época Negócios