A apicultura é identificada principalmente pela produção de mel, mas existe outra função dessa atividade ainda pouco explorada, que pode gerar ainda mais renda: trata-se da polinização.
Pesquisas desenvolvidas no setor apontam que a presença de colmeias nas plantações pode aumentar significativamente a produtividade das lavouras. No cultivo de café, por exemplo, o crescimento chega a 30%.
Segundo a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo (Seag), a apicultura é uma atividade que está em ascensão no estado nos últimos 10 anos. Essa expansão também contribuiu para o surgimento de uma prática secundária adotada pelos produtores – o aluguel de enxames na época da florada do café.
O apicultor, Lomir José da Silva, de 48 anos, que vive dessa atividade há 5 anos, enxergou nesse nicho de mercado uma oportunidade de ampliar o faturamento.
“No começo, os agricultores não acreditavam que a inserção de abelhas em suas propriedades ajudaria no aumento da produção, mas depois que fizemos testes que comprovaram a eficácia desse método, começamos a ser demandados. Foi aí que comecei a alugar minhas colmeias”, comentou.
Atualmente, o apiário de Lomir produz cerca de 20 toneladas de mel por ano e conta com mais de 500 colmeias, que são alugadas para agricultores da região de Aracruz..
“A princípio, as abelhas eram levadas para as lavouras de café, depois ampliamos para outras culturas. Essa técnica é uma troca onde todos ganham, pois o pólen também ajuda na produção do mel”, detalhou.
Uma pesquisa realizada em uma fazenda produtora de café em São José do Calçado, na região do Caparaó no Estado, por professores do departamento de zootecnia da Universidade Federal do Espírito Santo, comprovou que houve aumento na produção do grão após a implantação da apicultura no local. O número de sacas por hectare saltou de 29,46 para 35,79.
O gerente de produção animal da Seag, Anderson Baptista, explicou que são inúmeros os benefícios desse processo.
“A criação de abelhas não tem alto custo quando comparada a outras atividades rurais. Além disso, o apiário ocupa uma área pequena e não demanda grandes gastos com infraestrutura, equipamentos e tempo do produtor”.
Baptista explicou ainda que a presença das abelhas em outras plantações como eucalipto e laranja também potencializa a produtividade.
“Mas é preciso cuidado quando as colmeias são utilizadas na agricultura, principalmente em relação ao uso de agrotóxicos. A alta toxidade pode mudar o comportamento dos animais, além de provocar morte”, explicou.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, 87,5% das espécies de plantas com flores conhecidas no mundo dependem de polinizadores (insetos, aves, mamíferos) para gerarem frutos e sementes sadios.
A presença desses polinizadores naturais nas plantações geram uma economia superior a R$ 483 bilhões na produção agrícola do país anualmente.
Apicultura tem espaço para crescer
Em 10 anos, a apicultura cresceu consideravelmente no Espírito Santo. A produção de mel saltou de 355 toneladas anuais para 814 toneladas, segundo informações do governo do estado.
Ainda que muitos produtores se dediquem exclusivamente a esta atividade, o gerente de produção animal da Seag, Anderson Baptista, explicou que “a apicultura no estado ainda é uma opção majoritária na agricultura familiar, funcionando nesses casos como fonte de renda secundária, aliada a outras culturas”, disse.
A produção de mel ainda continua sendo o principal produto dessa atividade, no entanto, pesquisas estão sendo realizadas nesse nicho de mercado para que a gama de produtos provenientes dessa atividade seja ampliada.
Além da extração do mel, pólen, própolis, o agricultor também pode fabricar produtos da agroindústria à base da cera de abelha. Tudo isso para ampliar o valor agregado da sua produção.
De acordo com Baptista, o interesse na criação de abelhas cresceu em todas as regiões do Estado, entretanto, em algumas cidades do extremo Norte e da região serrana, o aumento foi ainda mais considerável.
Há aproximadamente dois anos, foi criado no estado o Comitê Gestor de Apicultura, que conta com a participação de diversas entidades.
Por meio do grupo, foi elaborado o programa de desenvolvimento da apicultura capixaba, que implementa diversas ações voltadas para a capacitação dos produtores, extração de mel, fomento ao reflorestamento de matas ciliares de interesse apícula, entre outras iniciativas de fortalecimento do setor.
Fonte: G1