Um alimento açucarado pode gerar uma leve agitação nas abelhas e melhorar seu humor, tornando-as até mesmo otimistas, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Science, que sugere que os polinizadores também têm “sentimentos”.
Considerando que as emoções são subjetivas e difíceis de medir – particularmente nos animais – pesquisadores analisaram como o comportamento das abelhas mudou depois que elas tomaram um gole de uma solução de sacarose.
Eles descobriram que as abelhas aprenderam a voar mais rápido para um recipiente com uma bebida açucarada dentro do que para um que continha apenas água.
“As abelhas que receberam uma recompensa de 60% de sacarose para induzir um estado afetivo positivo voaram mais rápido para o cilindro do que as abelhas não recompensadas”, disse o estudo, liderado por Clint Perry na Universidade de Londres.
Os pesquisadores comparam o comportamento dos insetos à “forma como as pessoas felizes são mais propensas a fazer julgamentos otimistas sobre situações ambíguas”.
As abelhas agitadas pelo açúcar pareceram também se recuperar mais rapidamente de um susto – quando foram brevemente capturadas e soltas, como se tivessem sido atacadas por uma aranha predadora – do que as abelhas que não tinham recebido a recompensa doce.
“Alimentos doces podem aumentar as emoções positivas e melhorar o humor em adultos humanos, e reduzir o choro e as caretas de recém-nascidos em resposta a estímulos aversivos”, disse o estudo.
“Se beber uma solução de sacarose causou um estado semelhante a uma emoção positiva em abelhas, previmos que, após o consumo, a reação aversiva das abelhas ao ‘predador’ seria atenuada”, acrescentou.
“De fato, as abelhas que consumiram uma solução de sacarose antes do ‘ataque’ levaram menos tempo para reiniciar a procura de alimento”, concluiu.
Os pesquisadores disseram que o estudo apoia “a noção de que invertebrados têm estados que se ajustam aos critérios que definem as emoções”.
Mas ainda há muito a ser entendido sobre o que as abelhas podem estar sentindo, e como isso é importante para a sua sobrevivência.
“Se os estados parecidos com emoções em insetos são acompanhados por sentimentos emocionais ou não permanece sem resposta”, disse um comentário relacionado ao estudo de Michael Mendl e Elizabeth Paul.
“Mas a possibilidade da consciência em insetos passa agora a ser tema de novas teorias excitantes e vigorosos debates”, concluiu.
Fonte: Revista Isto É