Abelhas rainhas selecionadas são entregues a apicultores em SC

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Além da produção de mel em expansão, impulsionada pelo uso cada vez maior das tecnologias, a apicultura tem grande valor para a economia de Santa Catarina em razão do impacto da polinização das abelhas na produtividade de maçã, pera, ameixa e outras culturas. Existem aproximadamente 315 mil colmeias no território catarinense, 45 mil delas alugadas todos os anos para polinizar macieiras.

Para fortalecer ainda mais esse setor, foram entregues cerca de 450 princesas (abelhas rainhas que não passaram pelo processo de fecundação) para 60 famílias produtoras de mel do oeste catarinense.

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Crédito: Senar/SC

Os apicultores beneficiados são dos municípios de Quilombo, União do Oeste, Jardinópolis, Nova Itaberaba e Pinhalzinho e fazem parte de um projeto desenvolvido nos últimos anos pelo Sebrae/SC com a parceria da Associação de Apicultores e Meliponicultores de Quilombo (Aamq), Epagri, entidades e órgãos públicos. O objetivo é aperfeiçoar a cadeia produtiva, visando melhorar a qualidade do produto e do manejo, orientar métodos de multiplicação de colônias, melhoramento genético, sanidade e outras ações. As ações são desenvolvidas pelo consultor credenciado ao Sebrae/SC, Neuri Riboli.

O vice-presidente da Federação dos Apicultores do Estado de Santa Catarina e coordenador de apicultura da Epagri, Ivanir Cella, acompanhou o ato de entrega das abelhas aos apicultores. Segundo ele, este ano a produtividade de Santa Catarina está um pouco maior.

“Vamos chegar perto de 90 kg por km². O Estado tem o maior parque industrial da apicultura (indústria, equipamentos e insumos) e a conquista dessa posição deve-se ao mutirão entre as diversas instituições. Com um associativismo apícola forte e auxílio do Sebrae, Senar, Epagri e Universidades foi possível alavancar tecnologia e promover o aumento da produtividade e da qualidade do mel catarinense”, avalia.

Cella destaca, ainda, que hoje quase 100% do mel exportado é orgânico. “Isso faz com que nosso produtor receba cerca de R$ 12 ou 13 reais por kg, enquanto que o produtor argentino e uruguaio recebe de R$ 5 a R$ 6 reais/kg. Este fato ocorre em função da qualidade do nosso mel que não possui produtos químicos, diferencial que abre mercado e agrega valor ao produto”.

As abelhas entregues aos produtores fazem parte do Programa de Rainhas desenvolvido há cerca de dois anos pela Secretaria da Agricultura do Estado, executado pela Epagri com a parceria da Fecoagro e Faasc. Das 450 abelhas distribuídas no Oeste, 80% serão utilizadas para formar novas colônias e 20% serão destinadas para substituir rainhas de enxames já existentes, porém pouco produtivos.

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Crédito: Senar/SC

“A iniciativa tem possibilitado que o produtor tenha acesso às abelhas pela metade do valor. Mas não adiantaria receber este incentivo se não tivesse uma boa assistência técnica para que tenham conhecimentos para aplicar procedimentos de como introduzir na colmeia, de como manejar essa abelha que tem uma genética um pouco mais apurada”, afirma Cella, ao mencionar a importância do projeto desenvolvido pelo Sebrae/SC e demais parceiros.

A ação marcou a primeira vez que produtores da região recebem um material com genética avançada (abelhas selecionadas). “Esperamos que, com o melhoramento genético, a apicultura possa aumentar a rentabilidade. Com o mutirão, vamos profissionalizar e alavancar o setor”, conclui Cella.

Para o apicultor e presidente da Aamq, Julcemar Francisco Toazza, a parceria firmada com o Governo do Estado representa um estímulo, um impulso e uma “nova era” para a apicultura. Há uma visão com foco totalmente diferente de outras épocas com relação ao setor, não somente no que se refere ao aspecto de produção e produtividade dos derivados da apicultura, mas na formação, no investimento técnico e no campo, visando também salvar as abelhas para o aumento de produção de hortifrutigranjeiros e a própria agricultura.

“A abelha tem um papel fundamental. Sem ela, teremos muitas dificuldades para a sustentabilidade do planeta. Ela representa nova vida, impulso e a permanência de um mundo mais saudável. Nós, apicultores, temos a missão fundamental de salvá-las, de preservar as abelhas Apis mellifera e também as abelhas nativas para melhorar a qualidade de vida no planeta”, argumenta.

Fonte: Página Rural