A.B.E.L.H.A. visita Secretaria de Agricultura de SP

Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, recebeu em audiência Pablo Casabianca e Ana Lucia Assad, respectivamente presidente e diretora executiva da Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A.), que procuraram a pasta em busca de parcerias. Antônio Batista Filho, diretor do Instituto Biológico (IB), vinculado à Pasta e a pesquisadora Harumi Hojo também estavam presentes.

Criada em maio de 2015, com o objetivo de reunir na mesma rede os diversos interessados na conservação das abelhas e outros polinizadores do Brasil, além de aprofundar o conhecimento sobre a importância desses insetos para a produção de alimentos e a conservação ambiental, a A.B.E.L.H.A. encontrou na Secretaria de Agricultura a instituição ideal para estabelecer uma parceira.

ABELHA Sec Agricultura
Antonio Batista, diretor do IB; Harumi Hojo, pesquisadora do IB; secretário Arnaldo Jardim; Ana Lucia Assad, diretora executiva da A.B.E.L.H.A.; e Pablo Casabianca, presidente da A.B.E.L.H.A. Crédito: João Luiz

O secretário comentou, na audiência de 3 de maio, que já tem alguma proximidade com o tema, graças a iniciados como o prefeito de Franca, Alexandre Augusto Ferreira, criador do primeiro Meliponário do Brasil, com 280 colônias de 11 espécies diferentes. Arnaldo Jardim explicou que sua gestão está estruturada sobre quatro eixos: harmonia com o Meio Ambiente, ou seja, a Agricultura não pode ser encarada como inimiga das questões ambientais; aproximação entre Pesquisa e Produção, já que os avanços científicos são inúteis se não chegarem os agricultores, especialmente os pequenos; apoiar a agricultura familiar para que ocupe o lugar que merece dentro da economia do município, e por fim, o desafio de garantir a sanidade do produto agrícola desde o fornecimento de sementes e cultivares selecionados, passando pelo manejo correto e orientações sobre armazenamento e comercialização para garantir que a sociedade possa consumir produtos de qualidade.

Para as questões que inquietam os membros da Associação, o secretário apresentou medidas específicas. Sem dúvida, a mais grave é a mortandade de abelhas, que atingiu alguns municípios do Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores de mel do País. A produção começou a cair assim que enxames começaram a aparecer mortos. Acredita-se que a aplicação indiscriminada de agrotóxicos esteja no cerne do problema. Arnaldo Jardim explicou que o Polo Regional da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), em Pindamonhangaba, desde 2006, realiza estudos na área de sanidade apícola a fim de entender as causas do fenômeno designado Colony Collapse Disorder – CCD (Síndrome do Colapso das Colônias), que afeta as abelhas. A Apta conta com o único laboratório especializado em sanidade apícola do País e realiza análises tradicionais e moleculares para fins de pesquisa.

Além da investigação sobre a sanidade das colmeias, o secretário informou que a Pasta desenvolveu e mantém um programa destinado a ensinar a forma correta de aplicação dos agrotóxicos, visando preservar a segurança e a vida dos profissionais que realizam o trabalho; proporcionar melhores resultados para os produtores, evitando o desperdício e obtendo mais eficiência dos produtos, além de preservar a saúde da população. Nos últimos oito anos, o Programa Aplique Bem já treinou mais de 47 mil trabalhadores de 708 Municípios de 22 Estados do Brasil. Arnaldo Jardim lembrou ainda que a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) realiza fiscalizações regulares da comercialização e uso de agrotóxicos. Em 2015, o uso de agrotóxicos foi fiscalizado em 850 propriedades. No comércio e empresas prestadoras de serviço da aplicação de agrotóxicos foram realizadas 1.569 fiscalizações.

O Instituto Biológico (IB), também vinculado à Pasta, explicou o secretário, realiza um trabalho incansável de promoção e esclarecimento: o Planeta Inseto, com o qual a Abelha costuma colaborar. A Câmara Setorial de Produtos Apícolas, uma das 31 que funcionam no âmbito da Secretaria de Agricultura, está discutindo a legislação apícola e a criação de padrões para mercado interno Mercosul e mercado internacional, a o uso de abelhas como serviço para culturas que incrementem produção por meio da polinização.

“Nosso trabalho está voltado para a disseminação de conhecimento sobre a função dos polinizadores na biodiversidade e sobre a convivência harmônica e sustentável desses insetos com as diferentes culturas agrícolas”, explicou Ana Lucia Assad. Para isso, a entidade conta com um Conselho formado por pesquisadores científicos de instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul. Além das instituições de pesquisa, a A.B.E.L.H.A. conta com a participação de representantes de empresas, consultorias e associações de produtores.

“A Pasta de Agricultura tem uma atuação muito forte na área da apicultura e meliponicultura, conforme o secretário nos explicou. Trata-se de um trabalho bastante intenso e interessante. Nós podemos construir uma pauta voltada tanto para a divulgação científica quanto para mostrar casos de sucesso”, afirmou Ana Lucia Assad. “Somos uma associação baseada no diálogo científico e estamos a serviço do Brasil. A proposta é promover a inovação, a investigação e o desenvolvimento conforme a Secretaria pretende e nós podemos contribuir nesses três aspectos”, completou Pablo Casabianca.

Para Harumi Hojo, essa parceria com a A.B.E.L.H.A. já trouxe bons frutos e deve continuar a produzir no futuro. “A nossa parceria começou depois da instalação das abelhas sem ferrão no museu Planeta Inseto. A gente achava importante que as pessoas soubessem da significativa atuação dos insetos polinizadores para a agricultura. Quase 80% da produção agrícola é devido aos polinizadores, não só abelhas, temos besouros, borboletas…, mas nem todo mundo tem essa informação. Nessa última florada, nós fizemos um levantamento de quais insetos polinizadores estão presentes nessa cultura. Esse trabalho gerou um artigo que vai ser disponibilizado nas diferentes plataformas”, destacou a pesquisadora.

Firmada a parceria, os próximos projetos são a participação da A.B.E.L.H.A. no workshop que será realizado durante a Reunião Anual do Instituto Biológico (RAIB), que acontece no mês de outubro e um estudo de georreferenciamento das colmeias, para definir onde estão e quantos são os criadores e gerar dados para pesquisa. O Estado de São Paulo foi escolhido como piloto desse trabalho e os membros da Associação já estão em contato com os técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), da Secretaria.

 

Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento de SP – Nara Guimarães