O Dia Nacional do Mel, 21 de junho, é uma ocasião especial para celebrarmos a rica biodiversidade do Brasil e o que ela tem a nos oferecer. O mel produzido pelas abelhas é um ótimo exemplo. O Brasil tem uma ampla variedade de espécies produtoras de mel. Estes possuem características distintas e mudam de acordo com as espécies de abelhas produtoras, a planta de onde é extraído o néctar e a localização geográfica dessas vegetações.
Tem mel para todo gosto. Ele pode apresentar consistências, sabores e cores diferentes. A acidez, o aroma, a umidade, a viscosidade e até o tempo que ele demora para cristalizar também variam de acordo com esses fatores.
Mel da abelha-africanizada
O mel mais conhecido pelo consumidor brasileiro é o produzido pela abelha-africanizada (Apis mellifera), que é amplamente manejada no Brasil. Mesmo sendo produzido por uma única espécie, os produtos podem variar de acordo com a florada predominante onde as abelhas coletam o néctar.
As floradas comuns no Brasil são de eucalipto, laranjeira, cipó-uva, assa-peixe e aroeira. Conheça alguns dos méis produzidos a partir dessas plantas:
Eucalipto: mel relativamente escuro, rico em minerais, geralmente utilizado como expectorante. Produzido principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
Laranjeira: mel claro, muito valorizado pelos consumidores brasileiros devido ao aroma e à coloração. Predominantemente produzido em São Paulo e Minas Gerais.
Cipó-uva: mel transparente, que costuma agradar os consumidores por sua coloração e aroma. Predominantemente produzido em áreas de Cerrado, em Minas Gerais.
A abelha-africanizada também pode produzir méis não-florais (ou melato). É o caso do melato de bracatinga. Ele é feito a partir do líquido açucarado que as cochonilhas, um inseto sugador, excretam no tronco da bracatinga, árvore nativa das regiões mais frias do Sul do Brasil. As abelhas usam esse líquido para produzir o melato, que possui sabor muito autêntico e peculiar, muito escuro e rico em minerais.
Se o mel não tem uma florada dominante, dizemos que ele é multifloral e vendido com o nome silvestre. Nesses casos, o mel terá maior riqueza de sabores e estará mais relacionado às plantas que florescem naquela região específica.
Mel de abelhas sem ferrão
O Brasil possui uma rica diversidade de abelhas sem ferrão. São cerca de 250 espécies conhecidas, sendo que muitas delas produzem méis com potencial para comercialização. Ao contrário da abelha-africanizada, entre as abelhas sem ferrão, as floradas não influenciam tanto no sabor do produto final.
Cada mel é único, pois cada espécie de abelha possui sua técnica para armazená-lo em potes feitos com uma mistura de cera e própolis (cerume). Com o passar do tempo, os aromas desses “barris” vão passando para o mel e modificando seu sabor.
Conheça alguns desses méis:
Mandaçaia (Melipona quadrifasciata): mel claro, às vezes pode chegar a ser transparente. Possui sabor leve, com um toque cítrico e característico do material de construção usado nas colônias. Produzido principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
Jataí (Tetragonisca angustula): mel claro, levemente ácido, com notas amadeiradas e de textura fina. É usado na cultura popular por suas propriedades medicinais. Produzido em todo o Brasil.
Bugia (Melipona mondury): mel claro e de sabor suave, possui aromas florais delicados. Produzido principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
Tiúba ou Uruçu-cinzenta (Melipona fasciculata): mel bastante doce, geralmente transparente, com aromas florais intensos. Produzido principalmente nos Estados do Maranhão e Pará.
Borá (Tetragona clavipes): mel peculiar e sofisticado, é considerado uma iguaria. Possui sabor levemente salgado, que lembra queijo. É ótimo para temperar saladas e harmoniza bem com pratos salgados e carnes brancas, como peixe e frango. Produzido em todo o Brasil.
Tubuna (Scaptotrigona bipunctata): mel com aromas intensos e sabor que pode ser agridoce. É ótimo para temperar saladas agridoces e queijos com sabores também intensos. Produzido nas regiões Sul e Sudeste.
Mandaguari (Scaptotrigona depilis): mel mais viscoso e com leve amargor, sua cor pode variar de quase transparente à âmbar escuro. Quando cristalizado se torna uma pasta cremosa de sabor incrível. Produzido principalmente nas regiões Sul e Sudeste.