Pesquisadores brasileiros do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências (IB) da USP publicaram um artigo na revista Plos One sobre a criação de abelhas nativas (meliponicultura) e seu potencial como atividade de desenvolvimento sustentável.
Entrevistando mais de 250 criadores de 20 Estados brasileiros, os pesquisadores avaliaram o impacto de determinadas práticas de manejo sobre a produtividade e a geração de renda pela comercialização de mel e colmeias. O trabalho fornece indicações claras para aperfeiçoar a atividade e ajudar a transformá-la numa poderosa ferramenta de desenvolvimento sustentável.
A criação de abelhas nativas gera renda a comunidades rurais, reduz a necessidade de explorar outros recursos naturais e cria incentivos para proteger o meio ambiente. Além disso, a meliponicultura contribui com a preservação das abelhas nativas e dos serviços de polinização que elas fornecem, fundamentais para garantir a produtividade de muitas culturas comerciais e manter a biodiversidade de plantas dos ecossistemas naturais.
No Brasil, a meliponicultura é ainda uma atividade essencialmente informal – conhecimento técnico é escasso e as práticas de manejo carecem de padronização. Pesquisadores de várias instituições nacionais aproveitaram essa grande diversidade de práticas de manejo para identificar quais delas maximizam a produção de mel e colônias e aumentam a renda gerada pela venda desses produtos. Os resultados destacam a importância de ensinar aos meliponicultores como inspecionar e alimentar suas colônias, multiplicá-las, colher e preservar o mel, controlar a infestação de parasitas e agregar valor ao rotular os recipientes de mel. Além disso, a experiência dos meliponicultores e sua rede de criadores conhecidos tiveram uma influência importante sobre a produtividade e a renda.
A meliponicultura pode ajudar a conservar as abelhas, manter os seus serviços de polinização, e contribuir com o desenvolvimento sustentável de muitas comunidades rurais. O estudo mostra o caminho para aperfeiçoar a atividade, fazê-la mais acessível a novos empreendedores, e aumentar o seu valor como ferramenta de desenvolvimento sustentável.
Fonte: USP